Uma descoberta, ou uma série de pequenas descobertas, é a experiência do Guia da Arquitectura de Lisboa 1948-2013, uma edição bilingue que faz a viagem do edificado lisboeta desde o Movimento Moderno até ao presente. Objectivo: “Mostrar uma cidade da modernidade em arquitectura fruto do movimento moderno, da sua revisão crítica, da consciência da pós-modernidade e da actualidade”, escreve o professor de arquitectura Michel Toussaint na introdução. “Uma cidade que muitos esquecem para apenas valorizar o que foi construído até ao século XVIII”, ignorando o século de todas as transformações, “os cem anos que mais construíram e alteraram” Lisboa. Ao longo de seis décadas, assiste-se nas páginas de um guia em que cada edifício é descrito, criticado, fichado e fotografado, ao evoluir do que era a arquitectura do Estado Novo, às influências das Belas Artes e do Moderno de Corbusier. Saltamos de zona em zona (são 16, como Santos
Lapa, Telheiras/Alta de Lisboa ou Avenidas Novas) e, feitas as apresentações de cada segmento da cidade, podemos ir parar a cada edificado por GPS, pela mais analógica morada, de transportes públicos ou simplesmente pelas folhas de um livro.
Da discoteca Lux a moradias projectadas por Keil do Amaral, dá-se um pulo ao Parque Florestal de Monsanto e sorri-se com o “Franjinhas” da rua Brancaamp, para depois vermos o futuro habitável do Parque das Nações e os últimos retoques na nova sede da Polícia Judiciária, ainda em fase de finalização junto ao Liceu Camões. Esta vista de Lisboa a partir da sua arquitectura (que nos leva a escolas, centros comerciais, hospitais, cinemas e moradias) é complementada por pequenos textos sobre o futuro urbanístico da cidade ou sobre a história de artérias essenciais como as sulcadas pelo Metro.
O périplo começa em 1948 porque foi esse o ano do 1.º Congresso Nacional de Arquitectura, disciplina em afirmação, e da conclusão do Plano Director da Cidade de Lisboa de Étienne de Gröer, que abriu a cidade à sua área metropolitana. É o sucessor de um primeiro guia, que data de 1987, e de um outro levantamento que remonta a 1994, quando Lisboa foi Capital Europeia da Cultura. Este guia de 2013 faz-se de escolhas, claro, tal como “as obras de arquitectura fazem cidade”, citando Toussaint, que assina a coordenação do guia com Maria Melo, da editora A+A Books.
Não é o levantamento total de toda a arquitectura lisboeta, é uma selecção segundo “a qualidade da obra construída” e não sobre o seu impacto mediático ou reconhecimento geral (apesar de, claro, haver espaço para os premiados e os célebres), avisa Toussaint neste guia bilingue produzido com mecenato da Fundação EDP e com um recheio de mais de 200 edifícios de várias tipologias.
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