André Freitas tem 21 anos, é de Câmara de Lobos, Madeira, e frequenta o 4.º ano do mestrado integrado em Engenharia Informática e Computação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Mas o "cartão de apresentação" deste jovem universitário acabou de ganhar algum prestígio: há poucos dias que André pode também apresentar-se como o embaixador da Google em Portugal.
A aventura começou numa conferência do Núcleo do IEEE (Institute of Eletrical and Electronics Engineers) — a maior organização de profissionais de tecnologia do mundo —, na qual André teve a oportunidade de conhecer o anterior embaixador português da Google. Recebeu algumas dicas, ficou interessado e foi recomendado mas, na hora em que preencheu a candidatura online, não alimentou grandes esperanças. Acabou por passar à fase seguinte e fez um vídeo a explicar o que o motivava a juntar-se à empresa. Convenceu-os e ficou.
Agora tem de "promover actividades e 'workshops' com os estudantes e ajudar a Google a aproximar-se deles através de sessões de esclarecimento [a última foi sobre o Google Cloud Developer Challenge 2013], por exemplo, sobre emprego e estágios na empresa", explica. E a criatividade marca pontos no desempenho desta tarefa: já pôs um grupo a construir "Androids" de esferovite — o objectivo era chamar a atenção para o IEEE — e não exclui a hipótese de fazer "bolos em forma de 'Chrome'".
André garante que a Google dá "oportunidades a todas as pessoas" para serem embaixadoras da empresa. "Basta ser-se proactivo, saber desenvolver actividades e ser dedicado à causa." E, claro, ter disponibilidade. A iniciativa é dedicada a estudantes do ensino superior, sem restrições de ano ou idade, e os candidatos são nomeados ou sugeridos.
"Captar a próxima geração de 'googlers'"
Pode soar estranho a alguns, mas a Google é "muito diferente do modelo convencional das empresas" e o possível retorno vale a pena. É que o objectivo principal de alguém na posição do André é ajudar a "captar a próxima geração de 'googlers'". Ou seja, conhecer a comunidade estudantil e "dar hipótese aos estudantes com maiores capacidades de interagirem com a empresa".
André, que passou por cinco dias de formação nas instalações da empresa na Irlanda, já provou um bocadinho do sonho que é trabalhar na multinacional. "Tudo promove o relaxamento, a criatividade e a produtividade", conta. "E em cada andar há uma cozinha", refere — não sabemos se por amor à gastronomia se para sublinhar a diferença para com a maior parte das empresas.
Ele próprio diz que "era espectacular" ser escolhido pela empresa, um dia. E, quem sabe, esta experiência não é uma janela aberta para isso mesmo. Afinal, além da capacidade de comunicar e do gosto por ensinar — que herdou dos pais —, foi também o "currículo-prodígio" que o ajudou a ser escolhido. Aos 15 anos, por exemplo, André já tinha fundado a sua própria empresa de alojamento de sites — que ainda hoje está activa.
Em detrimento do doutoramento, André quer entrar para o mercado de trabalho e aplicar, sempre com liberdade criativa, aquilo que acredita já saber fazer. Em Portugal, de preferência.