A relação de Ibrahimovic com a selecção sueca nem sempre foi pacífica

O avançado do PSG já por duas vezes se retirou voluntariamente da selecção do seu país. Mas voltou sempre.

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Ibrahimovic já marcou 46 golos pela selecção sueca GENYA SAVILOV/AFP

Zlatan Ibrahimovic podia jogar por três selecções. Suécia, o país onde nasceu, Bósnia, onde nasceu o seu pai, e Croácia, onde nasceu a sua mãe. Escolheu a selecção sueca, por quem se estreou há quase 13 anos, por que já cumpriu 94 jogos e por quem já marcou 46 golos. É a estrela indiscutível do adversário de Portugal nos play-off de apuramento para o Mundial 2014, o capitão de equipa, o temperamental avançado que pode decidir sozinho o curso do jogo. Mas a relação com a sua selecção teve vários momentos de turbulência, incluindo duas ocasiões em que se retirou.

Se Ibrahimovic é, para boa parte dos adeptos de futebol, o único nome que vale a pena reter da actual selecção sueca, em 2001, quando se estreou, não era assim. Na altura, Zlatan era um jovem de 19 anos que ainda actuava no clube da sua terra natal, o Malmo. Na altura, os grandes nomes do futebol sueco eram Henrik Larsson, Freddie Ljunberg ou Patrik Andersson, jogadores que jogavam fora do país e já com longas carreiras internacionais. Nenhum deles estava no jogo em que Ibrahimovic se estreou pela selecção, um encontro com as Ilhas Faroé a 31 de Janeiro de 2001, numa competição chamada Campeonato Nórdico, em que a Suécia só utilizou jogadores que actuavam no campeonato sueco. Zlatan foi titular, jogou os 90’ e o jogo acabou empatado sem golos.

O primeiro golo só apareceu ao quarto jogo, em Estocolmo, frente ao Azerbaijão, a contar para o apuramento para o Mundial que se iria disputar em 2002 no Japão e na Coreia do Sul. Era o último jogo do grupo, a Suécia já tinha lugar garantido no torneio e Lars Lagerback, um dos seleccionadores, chamou “Ibra” do aquecimento e fê-lo entrar aos 66’ para o lugar de Marcus Allback. Três minutos depois, Zlatan marcava o 3-0. Nesta altura, como contou na autobiografia “I Am Zlatan”, o jovem avançado sentia-se um corpo estranho na “allsvenskan”. “Será que os pesos-pesados da selecção iam pensar que eu era um merdas arrogante? […] Uma coisa era ser estrela do Malmo, outra era jogar na selecção. […] Não falava com muita gente. Na verdade, eu sentia-me inseguro e não queria chatear ninguém”, conta.

Estes eram os tempos em que Zlatan não se importava de estar nas linhas laterais. Mas não demorou muito tempo a assumir um lugar de destaque na selecção sueca. No Mundial 2002, teve uma participação marginal, mas já era titular indiscutível na Suécia do Euro 2004, marcando dois golos no torneio que se realizou em Portugal. Zlatan gostava de quase todos os seus companheiros de selecção menos um, Ljungberg, que considerava uma “primadonna”. “Irritava-me. ‘Tenho dores nas costas, tenho de ter um autocarro especial só para mim’, era o que ele dizia”, escreveu mais tarde Zlatan na autobiografia.

Ibrahimovic participou em duas fases finais de Mundiais (2002 e 2006) e três fases finais de Europeus (2004, 2008 e 2012), actuando em 94 dos 174 jogos efectuados pela selecção da Suécia desde 2001. Mas, por duas vezes, afastou-se voluntariamente da selecção. Primeiro foi em 2006, durante a fase de qualificação para o Euro 2008. Ibrahimovic, Olof Mellberg e Christian Wilhelmsson violaram o recolher obrigatório antes de um jogo da selecção com o Liechtenstein. Era o aniversário de Mellberg e os três foram fazer a festa para um bar em Gotemburgo.

Segundo a versão de Zlatan, regressaram ao hotel 75 minutos para lá da hora permitida (23h). Lagerback decidiu excluir Zlatan desse jogo e o jogador auto-excluiu-se da selecção para os encontros seguintes. Depois, o seleccionador sueco filmou um teledisco a cantar “Back for Good”, uma música da “boys band” britânica Take That, e Zlatan, não se sabe se sensibilizado pelo gesto, voltou à equipa nacional.

A segunda auto-exclusão aconteceu após a selecção sueca ter falhado o apuramento para o Mundial 2010. Ibrahimovic disse que tinha perdido a motivação. Lagerback deixou a Suécia (treina agora a Islândia, que também está neste play-off, onde vai defrontar a Croácia), Zlatan deu o dito por não dito e, um ano depois de ter anunciado a retirada, voltou para acompanhar o novo treinador, Erik Hámren. E foi ele que promoveu Zlatan Ibrahimovic a capitão de equipa.

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