Uma colecção de livros de fotografia que chegou para contrariar — e não só

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Podia ser só para contrariar. Para tentar fazer o contraponto da letargia, da inépcia, do esquecimento… A colecção de livros de fotografia que o empresário e ex-jornalista Manuel Falcão acaba de lançar podia encontrar razão de ser apenas nesse exercício de remar contra a maré. E isso já seria um “grande desafio” perante a inexistência de uma tradição assertiva de edição de livros de fotografia e de fotolivros de que Portugal padece desde sempre. Falcão, que começou a trabalhar em jornais como repórter fotográfico (foi fundador do Blitz e de O Independente, trabalhou no Expresso, no Se7e e na Visão), quer abraçar esse desafio com a colecção Amieira. Mas quer um pouco mais. Quer “tornar acessíveis e fáceis de manusear” os livros de fotografia de qualidade, quer dar corpo a uma série “coerente graficamente”. E, sobretudo, conquistar novos leitores para o suporte impresso, em livro, já que os jornais e as revistas portuguesas deixaram de privilegiar a grande reportagem ou o ensaio fotográfico.

O espectro de géneros que a colecção Amiera (localidade do Alto Alentejo, terra natal de Manuel Falcão) pretende abarcar é muito diversificado (moda, publicidade, ensaio…) e tanto pode incluir trabalhos inéditos como olhares sobre uma obra de décadas, como é o caso do livro de estreia, Ao Correr do Tempo, que percorre o trabalho de Luiz Carvalho, antigo fotojornalista do semanário Expresso. Ao longo de 64 páginas, revela-se o olhar de um repórter que insistiu “sempre” em conciliar “uma visão pessoal com a de jornalista”. O objectivo da colecção (cada volume custará 17 euros) passa por publicar entre quatro a seis livros por ano. No final de 2014, será feito um balanço, momento em que Manuel Falcão decidirá se vale a pena continuar ou não. O próximo volume dará a ver um trabalho inédito que Clara Azevedo (outra antigo colaboradora do Expresso, entre várias outras publicações) tem desenvolvido em Cuba ao longo dos últimos anos. Mostrará fotografia de rua e terá um cunho ensaístico.

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