Últimos dias da competição no Lisbon & Estoril Festival

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La Última Película

De entre os filmes e realizadores incluidos na secção competitiva do Lisbon & Estoril Film Festival (Leffest) deste ano que ainda nos faltava abordar, o nome mais sonante é o do filipino Raya Martin, que por filmes como Indio Nacional ou Independência foi um dos responsáveis pela recente atenção dos festivais internacionais ao cinema e aos cineastas das Filipinas.

Dele se mostra La Última Película, realizado a meias por ele e pelo canadiano Mark Peranson, mais conhecido como crítico de cinema (é o director da revista Cinema Scope). Não estamos nas Filipinas, mas no México, na região do Yucatán, e na base do filme está uma memória cinéfila: a de The Last Movie, que Dennis Hopper, no auge da sua loucura, rodou em 1971 depois do sucesso de Easy Rider, e que foi um flop tão grande que praticamente lhe arruinou a carreira de realizador.

A questão do filme de Raya Martin e Peranson tem justamente a ver com a “loucura”: agora que a estrutura de produção de um filme pode ser muito mais leve do quando se filmava obrigatoriamente em 35mm, ainda lugar para o tipo de “grandiosidade” insana que motivou Hopper em 71? O exercício, que tem tanto de verdadeira “experiência” como de farsa, levanta questões curiosas mesmo se resulta – o lado poseur impõe-se – um tanto estéril. Ficamos a pensar no que alguém como Herzog faria com as mesmas premissas.

Pela “experiência” vale a pena referir também Fish & Cat, do iraniano Sharham Mokri. O Irão é um viveiro, não de “peixes e gatos” mas de cineastas, dá-se um pontapé numa pedra e descobre-se mais um que vale a pena seguir. Parece ser o caso de Mokri, com um filme em que a aposta “experimental” (um só longo plano) cobre um mergulho num horror mais explícito e muito menos anódino do que é habitual no cinema iraniano, mas também com um insólito sentido de irrisão.

Fish & Cat podia ser a resposta iraniana aos filmes de Eli Roth, por exemplo.

 

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