Ministério está a recrutar "classificadores" para prova de avaliação dos professores

Professores vão receber três euros pela correcção de "resposta extensa".

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Os professores manifestam-se hoje contra a prova em várias cidades PÚBLICO

O guião da prova ainda não foi publicado, mas o e-mail permite perceber que a parte comum da prova que habilitará milhares de professores para a docência terá uma única questão de desenvolvimento, cuja correcção valerá três euros.

O “convite” foi enviado pelo Instituto de Avaliação Educativa, IP (IAVE) a alguns professores correctores, segundo confirmou Paulo Guinote, o autor do blogue A Educação do Meu Umbigo, que divulgou o teor do e-mail, na noite de segunda-feira. Nele indica-se que “o papel do classificador implica a classificação, em média, de 100 respostas a um item de resposta extensa, o que corresponde a 100 provas”.

“Cada resposta terá entre 250 e 350 palavras, aproximadamente”, indica o IAVE, que acrescenta que a tarefa será desenvolvida “em regime de acumulação, previsivelmente durante a interrupção lectiva” do Natal, “auferindo o valor de 3 euros por resposta classificada”. Na mensagem é pedido aos professores que “caso não pretendam” participar no projecto informem o MEC até à próxima quarta-feira, dia 14.

Fenprof contra

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) apela aos docentes dos quadros para que recusem ser correctores e "serem pagos, com dinheiro extorquido aos seus colegas desempregados e precários, para que contribuam numa farsa destinada, por um lado, a denegrir a imagem dos profissionais docentes e, ao mesmo tempo, a afastar muitos deles da profissão."

Este procedimento do ministério "é deplorável e revela bem o ponto a que os seus responsáveis já chegaram para tentarem atingir os seus objectivos. Virar professores contra professores passa a ser agora estratégia assumida", escreve a Fenprof em comunicado.

O PÚBLICO aguarda que o MEC confirme o envio destas mensagens e preste outras informações sobre o processo de classificação. Este já está a provocar reacções de professores. Arlindo Ferreira, por exemplo, divulgou esta terça-feira no Blog deAr Lindo o texto de um abaixo-assinado a correr entre docentes do quadro da Escola Francisco de Holanda, de Guimarães, que avisam que não aceitarão vigiar a realização da PACC ou corrigir as provas que têm uma componente comum (a realizar dia 18 de Dezembro) e outras específicas, de acordo com os diversos grupos de recrutamento, que serão feitas dentro de alguns meses.

Entretanto, nas redes sociais continuam a crescer os apelos ao boicote à prova e às manifestações de protesto.

Na tarde desta terça-feira,  uma dezena de professores ensaiou um protesto no parlamento, acenando com notas de vinte euros – tanto quanto os docentes têm de pagar pela inscrição na prova – quando o ministro da Educação e Ciência terminou a sua primeira intervenção sobre o Orçamento do Estado.  Conseguiu que os trabalhos fossem interrompidos durante uns momentos, enquanto a polícia os fazia abandonar as galerias.


 
 
 
 

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