Escolas do litoral Norte dominam primeiros lugares
Das quatro listas de escolas nacionais, apenas uma não é liderada por uma escola da região, a do ranking do ensino secundário.
A análise é feita tendo por base os estabelecimentos de ensino onde foram feitos mais de 50 exames e os resultados mostram um domínio das instituições do Norte. Das quatro listas de escolas nacionais, apenas uma não é liderada por uma escola da região — o ranking do ensino secundário, que tem a Academia de Música de Santa Cecília, de Lisboa, em primeiro lugar. As restantes têm escolas do Grande Porto e de Braga como as mais bem classificadas.
O facto de haver tantas escolas da mesma área geográfica bem colocadas é demonstrativo da “qualidade existente” e do “trabalho que se tem feito”, sustenta António Araújo, administrador do Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga. Mas este responsável aponta para uma questão que, em seu entender, não é apenas coincidência: quase todas estas escolas estão ligadas à Igreja Católica, que tem uma grande implantação na região.
É o caso deste colégio de Braga, associado à arquidiocese local e que aparece no primeiro lugar do ranking relativo ao 4.º ano, com uma média de 4,08 nos dois exames realizados. Nos dez primeiros lugares desta lista, há outras cinco escolas da região Norte, todas privadas, com destaque para dois estabelecimentos da cidade vizinha de Guimarães, os colégios Nossa Senhora da Conceição e do Ave, que surgem em 3.º e 4.º lugares, respectivamente. Mas a melhor escola pública neste nível de ensino também é da região: trata-se da Escola Básica Conde Ferreira, de Fafe, que surge na 11.ª posição.
O colégio D. Diogo de Sousa é o 15.º no ranking relativo ao 6.º ano (nível de ensino em que tem pior prestação), e é o 9.º no 9.º ano e o 10.º no ensino secundário. O administrador do colégio, António Araújo, valoriza o “grande comprometimento dos alunos” com o sucesso escolar, estimulado por iniciativas como os clubes de mérito. Estes clubes de desporto, pintura e artes performativas são gratuitos para os estudantes com boas notas. Mas, sempre que as suas médias desçam, eles têm de sair dos respectivos grupos.
Não há concorrência
A estas experiências, o D. Diogo de Sousa junta um programa de certificação do Inglês no 1.º ciclo e o reforço da carga horária de Português e Matemática no básico e secundário, complementados com oficinas de escrita e laboratório de Matemática, que a escola entende serem responsáveis pelos bons resultados nas disciplinas estruturantes.
“Não deixamos nenhum aluno para trás”, garante António Araújo, segundo o qual entre a população que frequenta este colégio estão pessoas “de vários quadrantes”, de filhos de empresários aos de contínuos de outras escolas da cidade. Apesar de o colégio estar sediado em Braga, recebe alunos de cidades vizinhas e até do Alto Minho e Trás-os-Montes. Por isso, os 1930 lugares disponíveis — reforçados este ano — não chegam para todos os interessados. “Todos os anos temos 400 a 500 alunos a mais do que o que podemos receber”, garante.
Por isso, o administrador do D. Diogo de Sousa considera que não há propriamente uma competição com as outras escolas da região que surgem bem classificadas nos vários rankings. “Oferecemos serviços aparentemente semelhantes num espaço geográfico próximo, mas não olhamos os outros colégios como concorrentes, uma vez que continuamos a ter um número de alunos candidatos a frequentar o colégio que ultrapassa largamente a nossa capacidade de os acolher”, concorda João Trigo, director do Colégio do Rosário, no Porto. Este é outro dos estabelecimentos de ensino que se repetem nos primeiros lugares das listas relativas aos diferentes níveis.
O colégio do Porto pertence à congregação do Sagrado Coração de Maria e é o primeiro na lista do 6.º ano, com uma média de 4,06. Nos 20 primeiros, 11 são do Norte do país. E surge em 3.º no 9.º ano – numa lista liderada pelo Colégio de Nossa Senhora de Lourdes e em que estão outros três colégios do Grande Porto (Luso-Francês, Colégio Novo da Maia e Casa-Mãe de Paredes) entre a 4.ª e a 6.ª posição.
No Rosário, também há um programa de Inglês avançado que atravessa o pré-escolar e o 1.º ciclo, bem como um reforço da carga lectiva nas disciplinas sujeitas a exame nacional. Os alunos chegam a ter aulas diárias dessas disciplinas nos anos de exame e há um desdobramento das turmas em algumas das aulas semanais dessas disciplinas, de forma a permitir um apoio mais individualizado aos alunos.
Mas o “segredo” para este sucesso é partilhado por alunos, famílias, professores e toda a comunidade educativa, diz João Trigo. “Fazemos um trabalho sério, dando cada um o melhor de si mesmo para atingir os melhores resultados.” A escola é frequentada por famílias “com condições económicas mais favoráveis”, as únicas que podem suportar os custos com as propinas de frequência de um colégio que não recebe apoios do Estado. “Contudo, sabemos que temos uma grande parte de famílias da classe média, que com muito esforço fazem esta aposta na educação dos seus filhos”, avança o director.
O secundário é o único dos rankings deste ano que não é liderado por uma instituição do Norte do país. De resto, é o nível de ensino em que as escolas da região têm um pior desempenho, colocando apenas cinco representantes nos 20 primeiros lugares. Ainda assim, o Colégio do Rosário é o terceiro do país, seguido da Casa-Mãe, de Paredes.
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