Kerry diz que EUA querem manter "parceria vital" com o Egipto
Secretário de Estado inclui o Cairo na ronda pelo Médio Oriente destinada a reparar relações com aliados na região.
A visita não estava incluída no plano inicial da ronda que Kerry vai fazer nos próximos dias à região e que terá como principal objectivo reparar as relações com a Arábia Saudita, tradicional aliado que nas últimas semanas não escondeu o seu desagrado com a política externa americana.
Riad criticou os EUA por terem desistido do ataque contra a Síria (regime apoiado pelo Irão, principal rival estratégico dos sauditas), mas também pelas críticas que fizeram ao Exército egípcio, que em Julho afastou o primeiro Presidente eleito do país após grandes manifestações da oposição.
Morsi e 14 outros dirigentes da Irmandade Muçulmana começam segunda-feira a ser julgados por incitação à morte – acusação referente a um ataque ao palácio presidencial no ano passado, que resultou na morte de vários opositores – num processo que culmina a dura repressão desencadeada contra aquele que era até há meses o mais poderoso movimento do Egipto.
"Quero afirmar de forma tão clara e forte quanto possível que os EUA são amigos dos egípcios e do Egipto, de quem somos parceiros", afirmou o secretário de Estado norte-americano, após um encontro com o seu homólogo egípcio, Nabil Fahmy.
Kerry não entrou em pormenores sobre a "recalibragem" da ajuda ao Exército egipcío – 1300 milhões de dólares anuais, que constituem uma parte essencial do orçamento militar do país –, dizendo apenas que "as relações bilaterais não se resumem a essa assistência".
O responsável foi também comedido na avaliação da actual situação política, admitindo apenas que o país tem pela frente "desafios difíceis" e "anos turbulentos". Mas deu a entender que Washington espera que o roteiro para o regresso à democracia, prometido pelos generais após o golpe, seja cumprido, ao dizer que "o Egipto precisa de uma Constituição que proteja os interesses de todos os egípcios" e garanta "o fim da violência e julgamentos justos e transparentes" a todos os acusados – uma referência clara ao processo contra Morsi.