Moçambique: FMI diz que tensão militar é factor de risco para a economia
Embaixador português em Maputo diz que Moçambique é um país onde “vale a pena investir”.
Moçambique vive a sua pior crise política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, devido a confrontos entre o exército e homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), no Centro do país.
No final de uma missão de avaliação do panorama económico de Moçambique, o FMI considerou a actual tensão política no país um factor de risco, caso haja uma escalada do conflito, mas reiterou que o país fechará o ano com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) “muito bom”, atingindo 7%.
“A situação política é um factor de risco, como as cheias o são. Temos de reconhecer que se o clima de insegurança aumentar, pode ter um efeito tremendo sobre o crescimento económico. A linha férrea de Sena (por onde passam as exportações de carvão) localiza-se na área onde está concentrada a tensão”, afirmou Doris Ross.
Reiterando as previsões anteriores do FMI de um crescimento de 7% este ano, Doris Ross disse que o desempenho da economia moçambicana em 2013 será impulsionado pela indústria extractiva, nomeadamente as exportações de carvão.
“A economia moçambicana continua alegre e recuperou rapidamente das cheias severas do início de 2013. O crescimento está projectado para atingir 7% e para acelerar para 8,3% em 2014, suportado por um elevado nível da actividade das indústrias extractivas, serviços financeiros, bem como transportes e comunicações”, enfatizou a chefe da missão do FMI.
A inflação, assinalou Doris Ross, terminará o ano entre 5% a 6% abaixo da fasquia média definida pelo Banco Central moçambicano, e o défice da conta corrente externa vai atingir 43% do PIB.
Vale a pena investir, diz embaixador português
Entretanto, o embaixador português em Maputo, José Augusto Duarte, disse que está "absolutamente convencido que Moçambique é um país em que vale verdadeiramente a pena investir", apesar da situação político-militar que se vive nos últimos dias.
Falando à Lusa, em Maputo, o diplomata português disse que as autoridades portuguesas acompanham "com atenção o desenvolvimento das coisas que acontecem no país" e afirmou não ter conhecimento de algum empresário português que tenha desistido da ideia de investir em Moçambique, por causa da actual situação político-militar.
"Todos os povos e todos os países têm momentos mais difíceis e momentos mais fáceis", considerou o diplomata português, que se mostrou "confiante que os problemas que existem serão resolvidos a contento e a bem de todos".
"Acompanhamos o desenvolvimento das coisas que acontecem com atenção, mas isso não quer dizer que eu não esteja absolutamente confiante que são dias maus, ou semanas más, ou uma fase má, uma fase mais difícil que depois as pessoas saberão ultrapassar de forma pacífica, dentro da lei e do respeito pelas instituições democráticas", disse José Augusto Duarte.
Milhares de portugueses que fogem à crise em Portugal optam por Moçambique, um país pobre mas que, na última década, se tornou uma importante rampa para negócios, após importantes descobertas de gás e carvão.
"Quem vem investir em Moçambique não é porque acha que fica rico ao fim do mês e agarra dinheiro e se vai embora. É porque acha que este país vale a pena a longo prazo. E que vale a pena investir no povo e no país. Não tenho a menor dúvida de que isso é o que está na mente do Estado português e na mente dos portugueses que aqui investem. Estou absolutamente convencido que Moçambique é um país que vale verdadeiramente a pena", afirmou o representante do Estado português em Moçambique.