Desde Domingo Sangrento que sabemos que Paul Greengrass é um virtuoso do realismo “jornalístico”, muito hábil na reconstituição e com um assinalável sentido da montagem (atributo que, num registo mais puramente lúdico, explorou com alguma graça na série de filmes com a personagem de Jason Bourne). Esta história, ancorada numa das zonas mais críticas mas mais “invísiveis” do mundo contemporâneo (o mar, infestado de piratas, da Somália, que tinha servido para uma divertida caricatura no arranque dos primeiros Mercenários de Stallone...), faz bom uso desse realismo trepidante, e não desbarata o “estudo de carácter” subjacente à sua situação central (o capitão e o pirata-chefe), para um filme de acção, física e psicológica, adulto e perfeitamente competente mas pouco mais do que apenas “profissional” (como habitualmente, o pragmatismo de Greengrass é também bastante desalmado). Mas deviam sair todos os anos de Hollywood dez, 20, Capitão Phillips: filmes de acção decentes são hoje uma raridade, e é essa falta de “contexto” que faz Capitão Phillips parecer um bocadinho mais especial do que o que provavelmente é.
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