Belém: o centro e as periferias

A zona mais veterana no que respeita à relação dos nómadas urbanos lisboetas com o seu rio tem muito que explorar

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Pedro Soenen

Antes que o Outono se arrependa definitivamente de fingir que é Verão tardio e em mood “'bora lá aproveitar estes dias mornos”, decidimos passear por Belém, à beira do Tejo, e aproveitar os bons ares que dele advêm. A zona mais veterana no que respeita à relação dos nómadas urbanos lisboetas com o seu rio tem muito que explorar, para além dos seus espaços verdes, monumentos históricos, autocarros de turismo e pastéis de nata.

E por falar em comida, pela manhã nada melhor do que scones e chá para aconchegar o estômago no À Margem. Um espaço estrategicamente situado que nos permite acompanhar a descida dos pequenos veleiros pelas águas serenas do rio, compensa com a vista privilegiada os preços mais dirigidos aos bolsos dos turistas.

Sendo o Centro Cultural de Belém vizinho próximo, não podíamos deixar de o visitar. A amplidão dos espaços é convidativa para um carrinho de bebé, mas as longas rampas de acesso obrigam a umas voltas extra. Para além da programação de actividades habitual, que inclui exposições, concertos e programas infantis, deparámos desta feita com o mercadinho onde se misturam o artesanato jovem, a arte, o design e uma selecção de pequenas iguarias portuguesas, confluindo na praça principal do CCB. Faz lembrar uma versão ligeiramente mais completa daqueles mercados que podemos encontrar com regularidade no Jardim da Estrela ou na LX Factory, com a vantagem de ter melhor piso... O burburinho natural deste local de encontros e regateios, o colorido próprio da decoração do evento e o fluir sereno de pessoas têm o efeito de apaziguar até as alminhas mais inquietas, como é o caso da Guadalupe.

Quando chegou a hora de almoço, o restaurante Este Oeste recebeu-nos com uma útil rampa lateral que nos levou directamente ao seu coração de origami! Aqui, o cardápio oscila entre os sabores italianos e os orientais. Mas se alguém pensar em deliciar-se com uma pizza de sushi, desengane-se: os pratos de fusão são menos de meia-dúzia e nenhum é tão ousado quanto a nossa imaginação o poderia prever. Ainda assim, foi aqui que pela primeira vez pedimos um prato de restaurante para a Guadalupe, sugestão do menu infantil. Claro que a pequena se perdeu na aventura de comer massinhas com fiambre, sempre com um grande sorriso de marota!

O ambiente do restaurante está muito harmonioso, pendendo para a inspiração oriental nos tons gerais e na decoração depurada, a homenagear o mundo vegetal. O aproveitamento da esplanada com vista para o Tejo está conseguido, embora tenhamos ficado pelo interior, dada a frescura crescente das brisas outonais. O atendimento é simpático e, imagine-se... tem um fraldário! Fico muito feliz por saber que os novos espaços começam a lembrar-se dos mais pequenos. Afinal faz sentido, quanto mais não seja em termos comerciais, ter em conta o público-alvo constituído pelas famílias e a sua logística inerente — que, convenhamos, não é assim tão complicada de resolver. Creio que, com o tempo e alguma insistência dos pais, a cidade será amiga de todos!

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