Roma invadida por um enorme protesto contra a austeridade
Protesto juntou vários sectores e foi pontuado por confrontos entre a polícia e manifestantes junto ao Ministério da Economia.
Ao lado dos que se opõem à construção da nova linha de alta velocidade entre Itália e França, desempregados, trabalhadores precários, estudantes e imigrantes foram para a rua gritar o seu descontentamento.
"Este protesto é para exigir um direito básico: um trabalho pago e uma habitação", disse o jovem Matteo, de 20 anos, à agência Reuters.
A tragédia humanitária dos imigrantes também esteve representada na manifestação, que foi policiada por 4000 agentes das forças de segurança. "Queremos justiça", lia-se em muitos cartazes empunhados por pessoas que chegaram a Itália em busca de melhores condições de vida. "Temos direito a uma habitação, tal como os italianos. Foram derramadas lágrimas de crocodilo sobre Lampedusa", disse à AFP um dos manifestantes, Aboubakar Soumahoro.
No meio do protesto estavam também grupos de jovens com o rosto tapado, vestidos de preto, com as famosas máscaras de Guy Fawkes, popularizadas pelo filme V de Vingança e ligadas ao movimento Anonymous. Foi com elementos destes grupos que a manifestação atingiu o seu ponto de maior tensão, junto ao Ministério da Economia e das Finanças.
Por volta das 17h50 (16h50 em Portugal continental), algumas dezenas de manifestantes aproximaram-se das carrinhas da Guarda de Finanças, que bloqueavam a entrada do edifício, e lançaram cocktails molotov, petardos e pedras. As imagens em directo do site do jornal La Repubblica transmitiram dez minutos de grande tensão, que culminaram com a chegada da polícia de choque. A carga policial levou os manifestantes a fugirem pelas ruas adjacentes e alguns deles foram detidos.
Também se registaram confrontos à passagem pela sede do movimento fascista CasaPound, que posicionou alguns dos seus elementos para protegerem o edifício dos manifestantes. Voaram garrafas entre os dois lados, mas a polícia acabou por conseguir acalmar a situação.
O descontentamento e a fúria subiram de tom nos últimos dias em Itália, após a apresentação da proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano.
A frágil coligação no Governo, liderada pelo Partido Democrático, de centro-esquerda, e mantida a muito custo pela direita de Silvio Berlusconi, é acusada de não promover uma descida de impostos suficiente para acomodar as medidas de austeridade e a falta de políticas de crescimento.