Comunidade Vida e Paz distribui mapa com serviços de apoio aos sem-abrigo de Lisboa

Folheto assinala 36 locais onde é possível procurar ajuda. Iniciativa assinala Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

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Serviços de apoio estão em zonas da cidade onde há menos sem-abrigo Paulo Pimenta

O mapa identifica 36 pontos de ajuda, desde locais de alojamento a cantinas ou mesmo espaços de formação destinados às pessoas em situação de carência. Zonas como a Baixa-Chiado, o Intendente, as Olaias e a Bela Vista são as que concentram mais serviços, embora não sejam exactamente esses os locais onde os sem-abrigo mais se concentram – que são Saldanha, Santa Apolónia, Rossio, Campo das Cebolas, Arroios e Gare do Oriente, segundo Henrique Joaquim.

“Estamos no Ano Europeu da Cidadania, consideramos que estes cidadãos são totalmente esquecidos. Dar-lhes esta informação é dar-lhes mais opções e também dar à cidade a oportunidade de se conjugar um bocadinho melhor”, explica o responsável desta instituição particular de solidariedade social.

Não há números actualizados sobre a comunidade de pessoas sem-abrigo na capital. “Sabemos apenas que são muitas mais do que as que foram registadas no Censos 2011”, afirma Henrique Joaquim. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está a fazer um diagnóstico desta população, que deverá estar concluído nos próximos meses.

520 a 530 pessoas por noite
Os voluntários da Comunidade Vida e Paz contactam, em média, com 520 a 530 pessoas por noite. “Temos quatro equipas na rua todos os dias do ano”, informa Henrique Joaquim. A missão dos voluntários não é distribuir comida, mas sim “estabelecer uma relação com as pessoas”. Para o efeito, servem uma pequena ceia (em 2012 foram servidas 190.320 ceias), que usam como “isco” para criar laços com os sem-abrigo, levá-los aos centros de atendimento, “dar-lhes atenção” e mostrar-lhes as soluções que existem, à medida de cada um. Em 2012, a instituição sinalizou 257 pessoas que mostraram interesse em sair da rua.

A alteração do perfil do sem-abrigo tem, porém, dificultado esse desfecho. Se nos anos 1990 e no início da década de 2000 havia uma prevalência de toxicodependentes, neste momento há mais alcoolismo e problemas de saúde mental. “Quando saímos para a rua, dependemos muito do ‘sim’ que a pessoa possa dar à nossa ajuda, mas quando a pessoa não está capaz de dizer sim ou não, é mais complicado”, lamenta Henrique Joaquim.

O presidente da Comunidade Vida e Paz sublinha o “grande esforço” de todas as instituições que prestam apoio aos sem-abrigo em Lisboa, no sentido de evitarem a sobreposição de serviços, mas admite que a coordenação “poderá ser muito melhor”. Como? Quando for criado, por exemplo, o Núcleo de Planeamento e Intervenção para as pessoas sem-abrigo, um espaço de atendimento integrado.

“É uma rede de organizações, coordenada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em conjunto com a Câmara de Lisboa, cujo objectivo é canalizar para aquele espaço todas as situações e dar-lhes respostas adequadas e integradas”, explica Henrique Joaquim. O núcleo deverá estar operacional nos próximos meses, afirma.
 
 

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