Esqueçam a Miley Cyrus a lamber um martelo e a balançar-se nua numa bola de aço. (Sim, já percebemos que a Hannah Montana está uma mulherzinha). Esqueçam a Rihanna a ter relações com uma cadeira. (Sim, já percebemos que está mais flexível que nunca) Podem mesmo passar à frente o novo "Work Bitch" da Britney. (Sim... emagreceu).
A Lorde chegou e, sem se despir, está a destronar as rainhas da pop. É verdade. Por mais incrível que pareça, há quem não precise de tirar a roupa para chegar ao top. Lorde, menos conhecida por Ella Yellich O'Connor, é neo-zelandesa, tem 16 anos e acaba de lançar "Pure Heroine", o seu primeiro álbum que já mereceu um 7,3 da Pitchfork.
A miúda de Auckland que se diz fã de Kanye West e de Drake foi descoberta por Scott Maclachlan, da Universal Records, quando tinha 12 anos e cantava Duffy num concurso de talentos locais da sua escola. Numa antevisão do que poderia ser o sucesso de Lorde, o agente e agora seu manager tratou de arranjar o contrato com a Universal. Desde aí, a adolescente fez do estúdio a sua casa e em 2012 lançou o EP !"The Love Club" – 20 minutos de electro-pop que seduziram a crítica. Menos de um ano depois, Lorde apresenta o álbum "Pure Heroine" que atingiu o número um no seu país natal, no Canadá e nos Estados Unidos, deixando para trás as divas da pop que incendeiam o YouTube com vídeos que, com tão menos de musical, hipnotizam milhões de espectadores.
A composição das músicas do EP e do álbum esteve a cargo da adolescente de Auckland que já é alvo das sempre inevitáveis comparações: dizem que faz lembrar Florence & The Machine, a voz parece-se com a da Adele, tem ali um toque de Grimes, inspira-se em Lana Del Rey... Pelo menos uma coisa é certa: Lorde tem qualquer coisa de especial que faz do seu electro-pop um produto maduro, atractivo e de qualidade.
Desabafos de adolescente
Como qualquer adolescente, para Lorde não parece haver melhor meio para se expressar (além da música, claro) do que as redes sociais. Com mais de 280 mil seguidores no Twitter, é lá que a "teenager" partilha o que lhe vai na alma diariamente. “Get the fkouttahere. royals is NUMBER 1 on BILLBOARD in the USAAA”, reagiu à chegada do single “Royals” a número um nos EUA; ou “c'mon acne don't do this now”, suspirou a 27 de Setembro.
Mas os sinceros desabafos de Lorde já lhe valeram algumas críticas de fãs de outros cantores pop, especialmente quando disse que a cantora Taylor Swift era “inatingível” e “demasiado perfeita”, quando acusou Justin Bieber de mostrar aos jovens uma falsa realidade do que era a vida de alguém da sua idade, ou ainda quando criticou Selena Gomez pelas letras que considera pouco dignificarem o papel da mulher.
Lorde mantém-se firme nas suas convicções e já disse que não vai deixar de expressar as suas opiniões sobre a cultura da música pop. Convém, claro, que a promissora artista tenha noção que a blogosfera, os fãs e os "haters", também não vão deixar de expressar as mais controversas opiniões sobre si – acaba de estalar o debate em torno da letra do single “Royals” depois de uma influente "blogger" americana ter escrito que a mesma era profundamente racista. Polémicas à parte - a adolescente tem muitos anos para aprender a lidar com o que (se) diz e escreve - fica uma certeza: Lorde, é um prazer ouvir-te. E ouvir-te cantar com roupa.