É quase isso: o mundo é uma empresa de mudanças

O clima mudou. De um Verão tímido e imberbe, passamos para um Outono dono do seu nariz. Mas não só: há séries de televisão e carreiras de autarcas que chegam ao fim

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Horia Varlan/Flickr

Aviso: este texto contém “spoilers” de séries de televisão. Pior do que isso, também das autárquicas.

Os tempos são de mudança.

(Achei bem começar assim. Dá uma certa “gravitas” ao texto. Que, rapidamente, como que munido de uma marreta, destruirei.)

O clima mudou. De um Verão tímido e imberbe, passamos para um Outono dono do seu nariz. No Facebook, surgiu um dos grupos mais numerosos e influentes: pessoas que conspiram contra o Universo. Sim, está na ordem correcta: pessoas que não gostam de calor no Verão, chuva e frio no Outono e no Inverno, nem de pólen na Primavera.

Estou solidário com essas pessoas. Acrescento algumas causas às já referidas: não gosto da inevitabilidade da lei da gravidade; gostava que o Mundo fosse um insuflável gigante; adoraria que a uma Primavera se sucedesse outra Primavera. E assim sucessivamente. Até ao fim dos tempos. Ou, pelo menos, até 2020.

Há séries de televisão a chegar ao fim. Dexter foi cortar lenha para o Alasca. Eu preferia que ele fosse para o “Walking Dead”: já provou ser bom a matar vivos, podia muito bem experimentar matar “zombies”.

Mas não foi só esta série a terminar. “Breaking Bad” também chegou ao fim. Na minha cidade, Braga, o reinado de 37 anos do PS foi interrompido, o que, tendo em conta a quantidade de intrigas e de monstros que o regime criara, bem como a vontade do PSD de chegar ao poder, talvez torne esta eleição numa espécie de “Guerra dos Tronos”.

Continuando nas séries, temos “Prison Break”, em Oeiras, com a vitória do "Movimento Isaltino", e “Ossos”, depois das derrotas de Fernando Seara e Luís Filipe Menezes: o em Lisboa e no Porto, o PSD ficou, precisamente, com os ossos.

Trinta câmaras para a CDU e cinco para o CDS são um cenário típico de “Sobrenatural” e, num dos episódios de “Segurança Nacional”, perceberemos como é que o Bloco de Esquerda se irá infiltrar, um dia, nos votos nulos, para aumentar a sua votação. Seguro venceu, mas nem isso o tira da ilha de “Lost”.

Nos Estados Unidos, a administração pública parou, devido à inexistência de um pacto orçamental, entre democratas e republicanos. Também aqui, o Governo está inactivo, em certos sectores, pela inexistência de um pacto. Mas a nossa originalidade leva-nos mais longe: lá, Governo e oposição não se entendem; cá, não há diálogo entre Governo e Governo.

Os tempos são de mudança. Mas não em tudo: a nossa dívida, indiferente e altiva, continua a aumentar.

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