Paulo Vistas ganha Oeiras e diz que é “uma honra suceder” a Isaltino
O candidato independente do movimento Isaltino Oeiras Mais à Frente, e actual autarca, Paulo Vistas, ganhou a presidência da autarquia de Oeiras. O adversário do PSD, Moita Flores, reconheceu a derrota.
Depois de ter chamado os membros da sua candidatura, Paulo Vistas gritou ao microfone que ainda iria chamar mais uma pessoa ao palco: “Queria chamar para o pé de mim Isaltino Afonso de Morais. Ele esteve, está e estará sempre ao nosso lado”, afirmou, chamando também ao palco o filho de Isaltino Morais. “É um enorme privilégio e honra suceder àquele que foi considerado o melhor autarca do país. Aquele que foi o rosto da obra que transformou ao longo de 30 anos Oeiras no melhor concelho para trabalhar, estudar e viver”, realçou. E aproveitou mesmo a presença das televisões para enviar “um abraço a Isaltino carregado de saudade”.
Reconhecendo que o momento era “intenso”, Paulo Vistas garantiu que “tudo iria fazer nos próximos quatro anos” para justificar e “renovar” a “confiança” que os eleitores depositaram na candidatura. “É uma noite de alegria e de sentimento do dever cumprido”, afirmou, manifestando ainda o seu “reconhecimento a todos os que apresentaram e defenderam candidaturas alternativas”.
“A chave da nossa vitória foi simples: falar verdade, falar do futuro tendo o passado como garantia”, notou, frisando que o movimento que encabeça é um “projecto de todos, que não exclui ninguém”. “Este movimento é de todos, não pergunta se vêm da esquerda ou da direita, se passaram pelo centro, se militam no partido A ou B, para estarmos neste movimento apenas temos de ter algo em comum: amar a nossa terra, servir a nossa terra e nunca, mas nunca, servirmo-nos da nossa terra. Este é um concelho exemplar, este é um concelho que desperta inveja de muita gente, que se conseguiu transformar pela positiva”, acrescentou, esperando que “todos saibam aceitar” os resultados com “dignidade”.
Salientou ainda que “a partir de agora” não há “adversários” e que todos devem estar apenas “focados nos interesses de Oeiras”. “Oeiras sempre se construiu na diferença de opinião e esse legado vai continuar comigo. Tenho muito orgulho em continuar a ser presidente da Câmara Municipal de Oeiras, desta vez legitimado pelo voto em urna e, a partir de amanhã, serei presidente de todos, quer dos que votaram em mim, em nós, quer dos que entenderam não votar”, notou. “Temos de continuar já amanhã a fazer campanha para sermos novamente merecedores do voto daqui a 4 anos”, acrescentou Paulo Vistas, ex-vice-presidente da câmara que ficou com a presidência após a saída de Isaltino Morais para cumprir uma pena de prisão.
Contas finais
Os resultados finais na corrida à Câmara de Oeiras dão 33,45% ao Movimento Isaltino Oeiras Mais à Frente (cinco vereadores), seguido de Moita Flores (PPD/PSD) com 19,15% e três vereadores eleitos. O PS, com a lista encabeçada por Marcos Sá ficou com uma curta margem com 18,34% (dois vereadores). O PCP/PEV consegue um vereador com 9,16% dos votos. Relativamente aos restantes partidos: o CDS/PP teve 3,81%, o BE conseguiu 3,70%, o PAN ficou-se pelos 2,66%, o PCTP/MRPP 0,59% e o PTP 0,27%. Em branco votaram 5,9% e votos nulos foram 3,59%.
Durante a noite eleitoral, os apoiantes do candidato independente e actual autarca de Oeiras acompanharam, com bandeiras e t-shirts verdes, a cobertura autárquica na sede do movimento Isaltino Oeiras Mais à Frente. No palco, onde Paulo Vistas discursou, destacava-se uma fotografia onde aparece ao lado do ex-autarca Isaltino Morais, preso por branqueamento de capitais e fraude fiscal. Cada vez que se anunciavam dados que davam a vitória a Paulo Vistas, os apoiantes gritavam alternadamente Paulo Vistas e Isaltino.
Em 2009, Isaltino Morais conseguiu 41,52% dos votos, contra 25,77% do PS; 16,42% do PPD-PSD/CDS-PP/PPM; 7,31% do PCP-PEV; 3,91% (BE); e 0,63% do PCTP/MRPP.
O candidato do PSD à Câmara de Oeiras, Francisco Moita Flores, assumiu que “o objectivo” da sua candidatura “não foi conseguido”, sublinhando que o partido levou a votos propostas que “nada têm que ver com poder pessoal”. “O objectivo não foi conseguido”, afirmou o candidato, na sua sede de campanha, agradecendo “a todos os candidatos neste projecto”.
Francisco Moita Flores afirmou ainda que esta candidatura deixa “marcada uma memória profunda de um tempo em que [o partido apresentou] propostas de construção, de políticas concretas e um projecto político concreto que nada tem que ver com poder pessoal, ambições pessoais e interesses privados”.
O candidato do PS à Câmara de Oeiras, Marcos Sá, disse à agência Lusa que a eleição de Paulo Vistas para presidente da autarquia foi, na verdade, a vitória de Isaltino Morais. "Respeito a vontade dos munícipes, mas esta vitória foi de Isaltino Morais e até o próprio Paulo Vistas disse isso, portanto, isso explica tudo", afirmou. Marcos Sá considerou o resultado do PS "razoável" e destacou a conquista socialista da freguesia de Porto Salvo.
"Não é uma derrota pesada. Tínhamos um bom projecto e boas equipas e eu vou continuar a trabalhar e a dedicar-me aos oeirenses para daqui a quatro anos candidatar-me novamente com mais força", sustentou. Sobre a curta margem entre o PS e o PSD disse provar “que a notoriedade do doutor Moita Flores vale o que vale”: “Tivemos um quinto dos apoios que ele teve e afinal... Eu estou mortinho para ver as contas desta campanha".
Notícia actualizada dia 30, às 15h30: acrescentados resultados finais da eleição a Oeiras.