Pedro Carneiro estreia-se em Los Angeles e dirigido por Dudamel

Estreia com sabor agridoce para o músico português, feliz por se juntar ao maestro venezuelano e à Filarmónica da cidade, mas triste por não poder ter o compositor Peter Lieberson na plateia.

Foto
Para interpretar esta peça, Carneiro concebeu ainda um instrumento novo que designa por “pedal abafador de marimba” Nuno Ferreira Santos

O concerto realiza-se já no dia 3, repetindo-se de 4 a 6. Pedro Carneiro, 38 anos, estreia-se neste palco californiano com a Orquestra Filarmónica de Los Angeles e sob a direção do maestro venezuelano.

Pedro Carneiro será o solista num concerto que assinala a estreia mundial da peça que lhe foi dedicada pelo compositor Peter Lieberson, que ficou incompleta devido à morte deste norte-americano em Abril de 2011.

Falando sobre este concerto que chegou a estar programado para 2011, o intérprete expressou “orgulho” por, pela primeira vez, ser dirigido pelo maestro Dudamel, razão pela qual definiu o concerto como “um momento com dois significados”: “É fantástico por ir tocar com a Filarmónica de Los Angeles e com Gustavo Dudamel, [mas também] por ir tocar uma obra do Peter [Lieberson], cuja música eu conhecia e apreciava e com quem ao longo dos anos fui conversando sobre a possibilidade de ele escrever uma peça para mim.” Por outro lado, acrescentou, “vamos celebrar a vida e a obra do Peter [Lieberson] sem a sua presença, pelo que vai ser um momento agridoce, mas bonito e que nos inspira”, acrescentou.

Segundo Pedro Carneiro, Shing Kham, cuja orquestração foi concluída pelo compositor escocês e amigo de Lieberson Oliver Knudssen, é uma peça com “uma série de elementos experimentais” que o “obrigou a criar novas baquetas e técnicas para tocar a marimba”.

Para interpretar esta peça, Carneiro concebeu ainda um instrumento novo que designa por “pedal abafador de marimba”.

Shing Kham foi encomendada pela Orquestra Filarmónica de Los Angeles e pela Fundação Calouste Gulbenkian ao compositor nascido a 25 de outubro de 1946, em Nova Iorque, e que morreu em Telavive, a 23 de abril de 2011, na sequência de um linfoma.

Instrumentista, chefe de orquestra e compositor, Pedro Carneiro estudou piano, violoncelo e trompete desde os cinco anos, tendo sido bolseiro da fundação que, em 2011, lhe atribuiu o Prémio Gulbenkian Arte. Como solista já tocou com orquestras como as sinfónicas de Seattle e da Islândia, a Filarmónica de Helsínquia, a English Chamber Orchestra, a Orquestra de Câmara de Viena e as sinfónicas de São Paulo e da Rádio de Leipzig. O percussionista é também co-fundador, director artístico e maestro titular da Orquestra de Câmara Portuguesa que, a 2 de Novembro, dirigirá num concerto no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.Trata-se do concerto de encerramento do ciclo Espírito Beethoven! Música e Liberdade!, em que será interpretada uma das últimas obras do compositor italiano Luigi Nono (1924-1990) e a 9.ª Sinfonia de Beethoven.