PS quer criar “capital da gastronomia” e promete fechar o SATU em Oeiras
Marcos Sá está contra projecto "megalómano" de levar o monocarril não-tripulado até ao Cacém. Para o candidato à Câmara, a única solução é fechar.
A mobilidade é outra das suas bandeiras: se for eleito, promete acabar com o projecto “megalómano” do SATU (sigla para Sistema Automático de Transporte Urbano), apostando em mini-autocarros e em intervenções pontuais nas estradas do concelho.
Numa arruada durante a tarde desta terça-feira, o candidato ouviu queixas dos lojistas, distribuiu beijos às senhoras que encontrou pelos cafés, entregou panfletos e jornais de campanha. Foi acompanhado pelo antigo árbitro de futebol, Jorge Coroado, candidato do PS à mega-junta que resulta da união de três freguesias (Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias) e representa dois terços do eleitorado de Oeiras.
Na comitiva contavam-se mais dezena e meia de apoiantes, de bandeira em punho, silenciosos. A visita começou junto ao mercado municipal, para assinalar o “abandono” a que a zona está sujeita, diz o candidato. "Está tudo fechado, o mercado está absolutamente morto", lamenta. "Temos de garantir que há movimento de pessoas e que trazemos gente de fora.” Como? “Divulgando a restauração, fazendo acções de formação e criando uma biblioteca de culinária”, responde, confessando que está “entusiasmado” com a ideia de fazer de Paço de Arcos a “capital da gastronomia”, onde “toda a gente queira ir jantar”.
Outra medida passa por acabar com o estacionamento tarifado naquela zona ao sábado de manhã, para atrair clientes ao mercado e às lojas de rua, que se debatem com o aumento das rendas e a queda no negócio.
Durante quase duas horas, o socialista entrou em todas os estabelecimentos abertos no centro da freguesia – todos vazios de clientes, às 15h00. Foi apresentando os restantes candidatos da sua lista e aproveitando para deixar mensagens subliminares. “Esta é a drogaria mais bonita de Oeiras, e eu estou à vontade para dizer isto porque conheço bem o concelho”, afirmou, ao balcão de uma drogaria antiga.
A acção de rua contou ainda com a presença do candidato socialista à presidência da Assembleia Municipal de Oeiras, o ex-líder da UGT, João Proença, que pelo caminho foi ouvindo sempre a mesma frase: “Eu conheço-o da televisão”. Proença vive em Cascais, concelho pelo qual já foi candidato também à assembleia municipal. Ao PÚBLICO, o candidato diz que tem encontrado, nas suas viagens pelo país, um "sentimento de mudança", e acredita que o PS conseguirá bons resultados em câmaras tradicionalmente governadas pelo PSD. Mas admite ter medo da abstenção.
SATU tem de fechar
Depois da arruada, durante a qual foi pedindo às pessoas que votem "em consciência" no próximo domingo, Marcos Sá esteve reunido com o conselho de administração do SATU para deixar clara a posição do PS. "A única solução é fechar", afirma, recordando os 26 milhões de euros de prejuízo que o monocarril não-tripulado acumulou desde 2004. A alternativa proposta pelo socialista é utilizar mini-autocarros (Combus) para ligar Paço de Arcos ao Cacém e aos principais pólos empresariais, e fazer pequenas intervenções em pontos-chave de ligação às auto-estradas, que facilitem a circulação automóvel.
A sociedade SATU-Oeiras, detida a 51% pela autarquia e 49% pela Teixeira Duarte, acumula prejuízos que rondam os três milhões de euros por ano, devido à escassez de passageiros. "Com esse dinheiro eu construía um centro de saúde", declara. Marcos Sá entende que há duas formas de encarar o problema: "Ou nos entendemos a bem e fechamos isto, ou vamos pôr a Teixeira Duarte em tribunal." O socialista culpa a empresa de não cumprir com o acordo inicial, de investir 37 milhões de euros na extensão da linha até ao Lagoas Parque. Actualmente, o monocarril liga Paço de Arcos ao Oeiras Parque, percorrendo 1,2 quilómetros.
Recentemente, o executivo liderado por Paulo Vistas aprovou uma proposta de compromisso de investir 10,1 milhões de euros na extensão da linha até ao Cacém, contando com um investimento de 4,2 milhões de euros por parte de Sintra e 107 milhões de euros de fundos comunitários. "Paulo Vistas não pode estar a comprometer verbas da Câmara de Sintra, quando esta não aprovou nada", afirma Marcos Sá.
O candidato do PS a Sintra, Basílio Horta - cuja participação na reunião esta tarde estava prevista mas não se concretizou - diz apenas que o projecto tem de ser avaliado mas "não está na agenda de prioridades". "O nosso dinheiro é muito necessário para outros fins, nomeadamente para as instituições sociais, e neste momento investir no SATU está completamente fora de causa", sublinha Basílio Horta.