Depois do primeiro leilão na China, Christie’s pretende abrir uma sucursal
A Christie’s é a primeira leiloeira estrangeira a operar independentemente e em nome próprio na China continental.
Há muito tempo que no mercado de leilões de arte muitos dos licitadores e investidores são oriundos do continente asiático, em especial da China. Só no ano passado, a Ásia foi responsável pela maior fatia das receitas em leilão, com 43% do mercado, contra os cerca de 30% europeus. Sendo que por países, a líder incontestada é mesmo a China, com 38,8%. Factores como o crescimento económico da China, que já é a segunda potência mundial, e o apoio tanto governamental como privado ao mercado da arte, ajudam a explicar os números.
E por tudo isto, este é um mercado no qual a Christie’s está decidida a apostar, desta vez com uma presença mais marcada, de forma a estabelecer um maior contacto com os licitadores. O leilão de 42 obras de arte, entre as quais um Picasso e um Warhol, que acontece na quinta-feira é assim o primeiro passo para a entrada no mercado chinês. Esta terça-feira, numa conferência de imprensa, Steven Murphy, director-executivo da casa de leilões, mostrou-se optimista em relação ao leilão, vincando a vontade de ter uma sucursal da Christie’s na China.
“Estamos felizes por operar aqui (mesmo) sem a liberdade de vender antiguidades culturais, e quando isso mudar abraçaremos essa mudança”, disse Murphy, citado pela AFP, referindo-se à lei chinesa que proíbe que leiloeiras estrangeiras possam organizar leilões independentes na China. Em especifico, esta lei diz respeito a antiguidades, ou seja, todas as obras de arte anteriores a 1949, podendo-se vender pintura contemporânea, relógios, vinhos e jóias. “Somos pacientes e respeitamos, temos esperança que o mercado se abra em algum momento”, acrescentou Murphy.
Com este leilão que vai acontecer esta semana a Christie’s, fundada em Londres em 1766, torna-se na primeira leiloeira estrangeira a operar em nome próprio na China. O próximo objectivo é instalar depois a marca no país, “em primeiro lugar, para responder ao público chinês, aos clientes, aos coleccionadores”, como explicou Murphy. E, em segundo lugar, para “ligar Xangai – e assim toda a China continental, à rede da Christie’s em Nova Iorque, Londres, Paris, Milão, etc”.
Apesar de ainda ser uma licença limitada, tendo em conta a legislação chinesa, a Christie’s, cujo número de clientes oriundos da China continental duplicou desde 2008, fica mais perto agora do seu objectivo. Seguindo as regras estabelecidas, a leiloeira pode operar independentemente durante os próximos 30 anos.
Com a limitação que existia até agora o que acontecia era que a Christie’s, ou a Sotheby’s, que para entrar na China continental fez no ano passado uma joint-venture com um grupo cultural chinês, organizando o primeiro leilão em Dezembro, levaram as suas vendas a Hong Kong, tornando-se este num dos principais centros dos leilões internacionais. No ano passado, Hong Kong foi mesmo o terceiro maior centro de leilões da Christie’s, contribuindo com 673 milhões de dólares (aproximadamente 498 milhões de euros) em vendas.