Vila Nova de Gaia, 22 de Setembro de 2015
Não sei como vou chegar à conferência a tempo, estes iPhone 7 já com o iOS9 são super-fluidos mas o iMaps diz-me que estou no meio do rio a olhar para a Ponte D. Maria… Como é que ainda não trataram disto? Devia ter ficado com o meu Galaxy S6 em vez de aceitar o da empresa. Bem, não há-de ser nada.
O que vale é que o carro tem GPS… Ainda não tenho o painel de instrumentação skinable como queria, era bom fazer download de algo com informação mais útil e com um design mais high-tech, tipo a nova app do P3. Tenho de saber quem foram os gajos que fizeram isto para eles. Vou dar um toque ao Amílcar ou à Andréia, mais logo.
E mesmo o site, grande upgrade… Acertaram aquele problema das tags (wow, já escrevi 141 crónicas, não é possível!), está "responsive", até funciona no meu velhinho HTC com WM6.1. Cinco estrelas. Tenho mesmo de lhes ligar.”
Lisboa, 22 de Setembro de 2013
Fora de fantasia, mas ainda fazendo alguma futurologia, os dois anos que faltam até darmos os parabéns ao P3 pelos fantásticos quatro anos vão trazer-nos novidades sociais e tecnológicas que cada vez mais vão fundir os dois temas, porque a tecnologia não se basta por ser de topo ou notável, basta-se por dar suporte à necessidade humana, por melhorar a qualidade de vida (de facto ou, nalguns casos, aparentemente).
Mais ou menos polemicamente, creio que:
— Vamos ter alguma estagnação na tecnologia doméstica de uso pessoal (parte 1). Os nossos smartphones terão capacidades de processamento cada vez mais perto dos nossos PCs e, com a massificação das soluções de "cloud storage", "cloud computing" (para particulares e empresas) aliada à baixa de preço de "personal storage" (um disco rígido SSD de vários "terabyte" ou uma "flash memory" a aproximar-se do "terabyte") levar-nos-á potencialmente a ter uma "docking station" em casa e outra no trabalho e termos o "tablet" como verdadeiro – e único – computador pessoal; era essa a proposta do OQO ainda no outro milénio e é essa a direcção para a qual, por exemplo, o Microsoft Surface aponta; a grande evolução tecnológica terá de ter alguma estabilidade, para ter receptividade e adopção pelas massas;
— O Ensino Básico vai voltar a ter Inglês como disciplina obrigatória e serão dados os primeiros passos para a introdução de algo relacionado com algoritmia, lógica ou programação entre os mais pequenos; existe já hoje a consciência de que o raciocínio estruturado (o simples “IF, THEN, ELSE”) é importante em cada vez mais profissões e que, com a exposição aos interfaces digitais, as novas gerações serão nativas nesses ambientes e – se tal lhes for apresentado – nessas ferramentas e/ou linguagens; quem não acompanhar, caminhará no sentido de se transformar num analfabeto funcional; ainda sobre a escola (e o Inglês), irão proliferar as escolas online (como o Coursera, o Webex e tantas outras que até já foram tema do P3 - “Self learner”... a aprender toda a vida e Educação: a urgência da literacia digital) num sentido do que muitos, como o Sugata Mitra, já se referiram;
— Vamos continuar a ver rosa e laranja no leme do país. Os movimentos independentes ganharão alguma notoriedade mas vão continuar a esbarrar nos "lobbies" e nos poderes e circuitos instituídos que afastam as elites intelectuais da política bem como os movimentos apartidários, por se saberem incapazes de lutar contra esse verdadeiro Adamastor dos nossos dias: a falta de (interesse e capacidade) de se fazer chegar à população informação política e social, isenta e de qualidade;
— Na música, bem como nas artes, o "mainstream" irá gradualmente perder força sobre os fenómenos locais e/ou alternativos, virais, que aparecerão e desaparecerão em janelas temporais pequenas (o verdadeiro conceito de “one-hit wonder”); por isso mesmo, no "mainstream" estarão cada vez mais aberrações (os Psy e as Miley Cirus de situação), reuniões de velhas glórias que continuarão a fazer música na primeira pessoa e, também, novos artistas que com maior ou menor originalidade, trarão conteúdos de qualidade e, com isso e mais ou menos presença das distribuidoras de topo, ganharão visibilidade e notoriedade à escala global;
— Vamos ter alguma estagnação na tecnologia doméstica de uso pessoal (parte 2). Não vamos ter massificados os "touchscreens" na porta do frigorífico e na bancada de cozinha (como propunha este vídeo, já de 2011) nem vamos andar todos de Google Glass: os fornecedores destas tecnologias percebem que a ideia do interface afecto (e restrito, com a privacidade inerente) a uma única pessoa fará com que o multi-acesso a plataformas se cinja ao que não é pessoal, mas sim comum, como sejam a TV ou a domótica, por exemplo; quanto ao Google Glass e afins, vai tornar-se popular entre geeks, mas de uso realmente justificado apenas em profissões específicas (cirurgiões em blocos operatórios, pilotos de avião, forças de segurança/autoridade em situações de patrulha e intervenção, treinadores desportivos, oradores/políticos, entre outros poucos mais) e pelo acesso que disponibilizam a informação que é necessária ter em real-time; no quotidiano não terá grande aplicabilidade, até porque o seu uso comum será (e já é, como aqui se vê) considerado como falta de educação;
O campo onde a tecnologia utilizada vai avançar mais será a Medicina. O facto de a população estar a envelhecer (e de as pessoas mais ricas do mundo serem velhos, claro!) faz com que urjam soluções para a melhoria (e consequente prolongamento) da vida humana, não sendo um acaso o crescente número de centenários existentes no planeta; a “ponta do icebergue” podem ser as descobertas de âmbito oncológico (mutação e reversão de mutação celular), próteses inovadoras e mesmo interfaces biónicos capazes de sentir, as grandes evoluções com recurso a células estaminais mas, senão já nos próximos 2 anos, com certeza que na próxima década veremos uma Medicina (e tecnologia médica) como nunca antes imaginámos;
— Os EUA não vão assinar o Protocolo de Quioto nem vão avançar muito no sentido da convergência que o mundo precisa ao nível ambiental (apesar da noção crescente de que a poluição é um fenómeno localizado e de que o nosso contributo para o aquecimento global poderá não ser assim tão relevante, como indica o crescimento da superfície gelada do ártico este ano); iniciar-se-ão algumas iniciativas baseadas em descobertas com grande impacto e que necessitam de pouco investimento – como esta de uma criança no sentido de acabar com a poluição marítimo (e o vortex do Pacífico), com a entrega de água potável a todo o mundo (apesar de virem a haver outros a juntarem-se ao CEO da Nestlé, com aquela opinião sobre a água enquanto bem, que recuso classificar) e de outros problemas de escala global, mas 2015 não será melhor do que 2013, infelizmente;
— O P3 vai mudar de formato e reinventar-se. A quantidade de conteúdos, a diversidade de colaboradores, a riqueza dessa multiplicidade de formatos e conteúdos vai “obrigar” (saudavelmente) a que a plataforma se veja a si mesmo um pouco como uma wiki, que se enriquece sem se repetir, que é nova e actual quer nos conteúdos sobre hoje ou sobre há dez anos atrás… e essa reinvenção vai valer a pena ser vivida.
Aliás, na globalidade, o mundo do experimentar, do fazer e do estar presente vai ganhar cada vez mais importância sobre o mundo do ter.
Vá, esta é mais em forma de desejo pessoal do que de previsão.