Último navio do parque Ocean Revival afundado neste sábado em Portimão
Navio Almeida Carvalho, desactivado há 11 anos, vai assentar no fundo marinho e servir de recife artificial, atraindo mergulhadores à costa algarvia. Projecto custa três milhões de euros.
“Está concluída a descontaminação, que decorreu ao longo de cerca de um ano, com a retirada de todas as substâncias nocivas e susceptíveis de contaminarem o meio marinho”, disse à Lusa Alberto Brás, o coordenador operacional do projecto Ocean Revival.
“A menos de dois dias do afundamento foram colocados os explosivos em quase todos os locais do navio para que tudo corra conforme o planeado, à semelhança do que sucedeu com os anteriores três navios”, sublinhou Alberto Brás.
O navio oceanográfico Almeida Carvalho é o quarto e último navio da Marinha Portuguesa a integrar o Ocean Revival, um parque subaquático para mergulho ao largo de Portimão, na costa algarvia. Em Outubro de 2012, foram afundados os primeiros navios, a corveta “Oliveira e Carmo” e o navio patrulha “Zambeze”, sucedendo-se em Junho passado a fragata "Hermenegildo Capelo F481".
O projecto tem um custo global estimado de três milhões de euros, financiados por privados e por fundos comunitários, e irá criar um recife artificial para dinamizar e explorar o turismo de mergulho no Algarve. Segundo Alberto Brás, no parque subaquático já foram realizados cerca de 4000 mergulhos.
Afundado pela segunda vez
Construído no início da década de 60, nos Estados Unidos da América, o navio Almeida Carvalho foi lançado à água em 1964, mas um ano depois afundou-se ao ser atingido por um navio mercante e um guindaste flutuante, motivado pela passagem do tufão “Betsy”. Em 1969 e depois de ter sido resgatado ao fundo do mar, entrou ao serviço da Marinha norte-americana tendo sido baptizado com o nome de “Kellar”.
Adquirido por Portugal, o Almeida Carvalho foi incorporado no efectivo dos navios da Armada em Janeiro de 1972, ficando afecto ao Instituto Hidrográfico. O navio participou em diversos estudos científicos nas antigas colónias portuguesas em África, e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, sendo o detentor do maior número de missões quer no apoio à comunidade científica quer ao serviço da Marinha de Guerra Portuguesa. Em Dezembro de 2002 passou ao estado de desarmamento com vista ao seu abate e agora volta ao fundo do mar, pela segunda vez.
Os quatro navios foram cedidos a custo zero pela Marinha Portuguesa à Câmara de Portimão, que estabeleceu uma parceria com a empresa Subnauta, através da criação da associação Musubmar, já que o promotor privado não podia receber os navios directamente da Marinha. As embarcações ficam submersas a cerca de 30 metros de profundidade, assentes num banco de areia ao largo de Alvor, ficando a parte mais alta do navio a cerca de 15 metros da superfície, para não causar impedimentos à circulação marítima.
O navio Almeida Carvalho vai ao fundo neste sábado às 13h00 e a operação poderá ser acompanhada de diversas formas. Em terra, os melhores locais para assistir, segundo a organização, são as praias de Alvor ou Dois Irmãos. "A distância da praia ao navio é de aproximadamente de uma milha e meia em linha recta", sendo recomendada a utilização de binóculos.
Quem quiser ver mais de perto pode ir de barco através dos vários operadores turísticos locais, que à semelhança do que ocorreu com os outros afundamentos, poderão navegar até uma distância de meia milha do local onde o navio será submerso. Para assistir online, basta aceder ao vídeo em tempo real.