Padre do Fundão acusado de abusos optou por não falar em tribunal
Julgamento começou esta quinta-feira de manhã à porta fechada, para proteger a intimidade dos menores queixosos.
Segundo informação do oficial de justiça encarregue do processo, o padre Luís Mendes preferiu manter-se em silêncio, recusando esclarecer as dúvidas do colectivo de três juízes relativamente à acusação do Ministério Público, que lhe imputa 11 crimes de abuso sexual de crianças, sete de abuso sexual de menores dependentes e um crime de coacção sexual. Durante o inquérito o sacerdote optara por falar, tendo negado os crimes. Admitiu que se deitava com os jovens na cama, debaixo dos lençóis, mas insistiu que era apenas para confortar os alunos, que estavam afastados da família ou doentes.
Durante a manhã começaram a ser exibidos no Tribunal do Fundão os testemunhos gravados em vídeo para memória futura de cinco dos queixosos, que, na altura dos crimes, tinham entre 13 e 15 anos. O sexto, que entretanto já é maior, será o único a depor presencialmente neste julgamento. O mesmo oficial de justiça indicou que a sessão foi interrompida para almoço e que, se houver tempo, à tarde deverão ser ouvidas cinco testemunhas de acusação.
Por princípio as audiências dos julgamentos são públicas, mas os casos de abusos sexuais de menores são uma das poucas excepções a essa regra. Nestes casos, as sessões são vedadas ao público, incluindo a comunicação social. O objectivo é proteger a intimidade das alegadas vítimas, cinco rapazes do seminário e um outro aluno de um externato onde o clérigo leccionava. Já as gravações para memória futura pretendem evitar o impacto do confronto com o alegado agressor e impedir que os menores sejam obrigados a repetir vezes sem conta a sua versão do que se passou.
Notícia corrigida às 13h10: Ao contrário do que o PÚBLICO noticiou anteriormente, o padre do Fundão optou por não prestar declarações no início do julgamento.