Novos iPhone não impressionam e acções da Apple caem
Preço elevado e falta de inovação são as principais críticas.
Um dia depois do lançamento dos dois novos smartphones, as acções da Apple ressentiram-se e caíram 5,44% para os 467,71 dólares na bolsa de Nova Iorque.
O lançamento do 5C era visto como uma tentativa da Apple para recuperar quota de mercado, especialmente nos mercados emergentes. Só que as primeiras reacções não são nada positivas.
O iPhone low cost vai custar 99 dólares nos EUA, mas inclui um contrato de fidelização de dois anos. Desbloqueado e sem contrato, o valor do 5C de 16 GB sobe para 549 dólares. E na China, um dos principais mercados, o valor será de 730 dólares, o dobro do custo de um modelo da Samsung e de outros concorrentes.
O evento que marcou o lançamento do iPhone low cost foi um “balde de água fria”: o 5C é “caro” e a empresa “não lançou novos produtos”, como os muito aguardados Apple TV e um relógio inteligente, destaca a empresa Trefis.
Também Kulbinder Garcha, analista do banco Credit Suisse, se mostrou “desiludido por a Apple ter decidido manter-se como um vendedor de telefones de preços altos”. “Em vez de oferecer preços atraentes para os consumidores, movendo o iPhone 5C para um segmento novo, a Apple manteve uma estratégia de preços premium, direccionando o alvo para smartphones entre 400 e 800 dólares", diz o mesmo analista, acrescentando: “Esse segmento não tem previsão de crescimento significativo a longo prazo. Esta decisão é boa para a rentabilidade, mas não para o crescimento.”
Kulbinder Garcha acrescenta ainda que o 5S, o produto de gama alta que substitui o iPhone 5, não tem “verdadeiras inovações” e pode sofrer com a concorrência do 5C.
“O iPhone 5S tem um novo processador, uma câmara melhorada e uma nova funcionalidade para captar movimento. Não são elementos suficientes para mudar o jogo. São mais evoluções do que revoluções”, analisa ainda Kulbinder Garcha.
Walter Piecyk, da BTIG Research, estima, por sua vez, que o preço do 5C é muito elevado para chegar aos “consumidores que compram telemóveis sem assinatura, que é a norma em muitos lugares do mundo”, e especialmente na China.
“A questão é de saber se a Apple prevê um dia tentar ganhar estes mercado” dos utilizadores de cartões pré-pagos ou se “quer manter-se para sempre como um fabricantes de telemóveis de gama alta”.
Os analistas do Bank of America baixaram as perspectivas da Apple para “neutro”, considerando que o preço do 5C é demasiado elevado para permitir “aumentar a penetração da marca nos mercados emergentes”. Também lamentaram que a Apple não tenha anunciado – como chegou a pensar-se –, um acordo com a China Mobile, que tem 700 milhões de clientes.
Os novos iPhones estarão à venda a 20 de Setembro nos Estados Unidos, Austrália, Grã-Bretanha, China, França, Alemanha, Japão e Singapura. Em Portugal, poderá ser preciso esperar até Dezembro – os preços não são ainda conhecidos, sendo que habitualmente a empresa repete os preços dos EUA, mas em euros, sem qualquer câmbio.