Sindicato dos Jornalistas está “preocupado”, Observatório de Imprensa critica decisão
Depois dos três canais de televisão terem decidido não fazer cobertura da campanha autárquica, as opiniões divergem.
Joaquim Vieira disse que esta posição das televisões “limita o direito dos cidadãos”, pelo que as televisões deviam continuar a fazer o seu tipo de cobertura e desafiarem a CNE, “até do ponto de vista judicial”.
“Sei que isso é arriscado, tem custos complicados, mas seria a melhor posição para defender, de facto, aquela que as televisões acham que é a melhor maneira de informar os cidadãos”, disse, em declarações à TSF.
Já o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, disse estar “muito preocupado” com uma eventual limitação pelas televisões da cobertura da campanha para as eleições autárquicas e apelou à reponderação de uma decisão que prejudica a democracia.
RTP, SIC e TVI dizem que não se trata de posição concertada, mas devido à “interpretação restritiva da lei” feita pela CNE, todas preferem não emitir imagens de arruadas, idas a mercados ou comícios. Por isso, vão limitar a sua cobertura ao acompanhamento dos líderes partidários, e mesmo assim apenas no que diz respeito a temas de interesse nacional.
A lei exige que todas as candidaturas, independentemente da sua dimensão ou influência, tenham igual tratamento por parte dos órgãos de comunicação social, por isso, se se fizer a cobertura de uma acção de campanha de um candidato em Lisboa, terá que se fazer dos restantes oito. As televisões dizem não ter meios para tal e reclamam critérios editoriais para seleccionar a informação.
Alfredo Maia disse que os operadores de televisão, em particular a RTP como operadora de serviço público, têm a obrigação de assegurar o melhor possível e com o maior pluralismo a cobertura das campanhas eleitorais e não se limitarem ao acompanhamento de líderes partidários.
“É verdade que há um aparente conflito com a CNE e mesmo com os tribunais, mas enfrentar as suas decisões é um risco tão natural no jornalismo como muitos outros riscos que os jornalistas correm todos os dias. Os desafios que se colocam aos órgãos, em particular aos operadores de televisão, é que encontrem formas de enfrentar estes riscos específicos no desemprenho da sua missão de garantir aos cidadãos a informação”, sublinhou.