Recessão estaria ainda perto de 2% se a economia estabilizasse nos próximos trimestres
Economistas da Católica não excluem a hipótese da recuperação da economia portuguesa mas alertam que ainda há riscos.
De acordo com uma nota a que a Agência Lusa teve acesso sobre as Contas Nacionais Trimestrais que o INE deu a conhecer nesta sexta-feira, “a hipótese de estabilização da economia portuguesa durante o resto do ano colocaria a contracção anual num valor inferior a 2%” do Produto Interno Bruto (PIB).
Ainda assim, o núcleo liderado por João Borges Assunção alerta que o “crescimento tendencial do produto ainda é negativo, o que pode prejudicar o comportamento da economia nos próximos trimestres”.
Os economistas não excluem a hipótese da recuperação da economia portuguesa já ter começado, e dizem que a melhoria nos indicadores hoje conhecidos deve ser valorizada, mas alertam para vários factores que podem por esta recuperação imediata em risco.
“Já depois do fim do trimestre, a incerteza política e orçamental aumentou significativamente. Acresce que a própria recuperação observada nos dados pode ser já o resultado de algum relaxamento na política orçamental face ao orçamentado. A subida dos juros implícitos na dívida portuguesa e o novo ambiente da política monetária das autoridades americanas estão a manter muito elevadas as taxas de juro relevantes para o investimento na economia portuguesa”, diz o NECEP.
Como tal, apesar de não excluir a hipótese da recuperação cíclica já ter começado, o NECEP diz que este não é ainda o cenário central com que estão a trabalhar, e como tal “será necessário observar mais trimestres de comportamento positivo”.
Na segunda estimativa para o comportamento do Produto Interno Bruto no segundo trimestre, o INE confirmou a primeira estimativa para o desempenho da economia que dava conta de um crescimento de 1,1% face ao primeiro trimestre do ano, revendo no entanto a estimativa para a contracção em termos homólogos de 2% para 2,1%.
O Governo ainda estima para a totalidade do ano uma recessão de 2,3% do PIB este ano, mas estas projecções serão revistas no âmbito da oitava e nona avaliações da troika que começam no dia 16.
Numa nota interna aquando da divulgação da primeira estimativa do PIB, o Governo dizia que se a economia estabilizasse nos próximos trimestres a recessão no final do ano ficar-se-ia pelos 1%.