Bombeira morre no combate às chamas no Caramulo

É a quinta vítima mortal no espaço de um mês entre os milhares de efectivos que lutam contra os incêndios florestais.

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Viatura onde seguia a bombeira de 21 anos que perdeu a vida no incêndio DR
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O número bombeiros mortos só neste Verão eleva-se assim para cinco. Três deles foram na Serra do Caramulo.
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Um sapador florestal, Viriato Rebelo, encontrava-se na zona de Santiago de Besteiros com o grupo que incluía a vítima mortal. Descreveu ao PÚBLICO que foi ele quem conduziu dois feridos até à zona em que acabaram por receber assistência. "Estávamos numa área já queimada e portanto aparentemente segura", relata. "De repente, deu-se o 'efeito chaminé', em mais de 200 metros em 20 segundos, com labaredas de 30 metros de altura", prossegue. "Quem fugiu para o lado em que já estava tudo queimado, saiu ileso. Outros não tiveram essa sorte."

O combate às chamas fez ainda mais cinco feridos, dois dos quais em estado grave. São ambos bombeiros da corporação de Carregal do Sal, a mesma a que pertencia a vítima mortal, segundo o comandante distrital de Viseu, Lúcio Costa. Os restantes são, de acordo com este responsável dos bombeiros, elementos do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR.

O "efeito chaminé" é apontado como causa de diversas mortes durante o combate a incêndios. Pode ser descrito como um comportamento eruptivo do fogo que, ao propagar-se em zonas montanhosas, ele próprio causa vento. Em condições de elevada temperatura e baixa humidade, ganha uma rápida aceleração, aumentando o efeito devastador das chamas, como explica um estudo da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), financiado pela União Europeia, sobre o "efeito chaminé".

Também em declarações ao PÚBLICO, o presidente da câmara de Tondela deu uma versão que não coincide. Carlos Marta disse que os três feridos ligeiros são todos bombeiros e que os dois feridos graves são um bombeiro e um elemento da GNR, acrescentando que estes últimos foram conduzidos para o Hospital da Prelada, no Porto.

Inicialmente foram avançadas informações de que alguns operacionais estariam desaparecidos, mas já estão todos localizados. O incidente aconteceu durante o ataque inicial a este novo incêndio que deflagrou às 9h53 entre São Marcos e Santiago de Besteiros. Tanto a vítima mortal como os feridos seguiriam no mesmo veículo que foi apanhado pelas chamas.

O adjunto do comando, Miguel Cruz, adiantou tratar-se de uma jovem bombeira, mas não soube precisar a idade da vítima. Carlos Marta afirmou que a bombeira tinha 21 anos.

O autarca explicou ainda que os bombeiros foram apanhados depois de o incêndio estar extinto, numa espécie de "efeito chaminé" que apanhou de surpresa "uma equipa muito experiente da corporação". Carlos Marta acrescentou que alguns dos elementos dos bombeiros conseguiram abrigar-se em "grutas de água" e que outros conseguiram fugir para zonas já queimadas. A jovem terá sido encurralada pelas chamas.

Já o comandante distrital de Viseu, Lúcio Costa, afirmou que mesmo os bombeiros mais experientes não sabem explicar o que se passou e confirmou que o combate às chamas decorria desde a manhã naquela zona. Miguel Cruz acrescentou que as condições no terreno estão a dificultar muito o trabalho dos bombeiros: “Estamos a ter condições extremas com ventos muito fortes.”

No local, de acordo com a informação disponível no site da Autoridade Nacional de Protecção Civil, estão 34 bombeiros, num total de 52 operacionais, apoiados por 13 veículos e por dois meios aéreos. O incêndio tem duas frentes.

Muito perto, também em Tondela mas na zona do Guardão, onde se reacendeu na quarta-feira o grande incêndio do Caramulo, continuam mais de 450 bombeiros com 140 veículos a tentar combater as chamas que têm duas frentes e que também estão a levantar muitas dificuldades sobretudo devido ao vento.

Este é o terceiro bombeiro a morrer na zona da Serra do Caramulo no espaço de uma semana. Na terça-feira morreu Bernardo Figueiredo, de 23 anos, que tinha ficado ferido durante um outro incêndio na mesma serra na passada quinta-feira. Antes, a sua colega de corporação Ana Rita Pereira também já não tinha resistido aos ferimentos.


Efeito chaminé


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