Brasileira Ana Maria Machado ganha Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon
Nome da vencedora foi divulgado na cerimónia de abertura da 15.ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo em que participam autores portugueses. A escritora Lídia Jorge estava entre os finalistas.
O prémio no valor de 150 mil reais (47 mil euros) é atribuído de dois em dois anos ao melhor romance em língua portuguesa publicado no Brasil nesse período. Atribuído pela Universidade de Passo Fundo, no estado do Rio Grande do Sul, é um dos prémios literários com mais notoriedade no Brasil, existe desde 1999 e o vencedor da última edição foi João Almino, com o romance Cidade livre.
Entre os finalistas candidatos ao prémio este ano estavam a portuguesa Lídia Jorge (A noite das mulheres cantoras, Leya) e os brasileiros Daniel Galera (Barba ensopada de sangue, Companhia das Letras); Luiz Ruffato (Domingos sem Deus, Record); Paulo Scott (Habitante irreal, Alfaguara); Alberto Martins (Lívia e o cemitério africano, editora 34); Ricardo Lísias (O céu dos suicidas, Alfaguara); Noemi Jaffe (O que os cegos estão sonhando?, editora 34); João Gilberto Noll (Solidão continental, Record) e Eliane Brum (Uma duas, Leya).
Ana Maria Machado nasceu em 1941 e é autora de livros para crianças e adultos. Infâmia (editado no Brasil pela Alfaguara) tem duas histórias paralelas: a de um embaixador na reforma, Manuel Serafim Soares de Vilhena, que vê a sua vida alterada depois do desaparecimento de uns documentos antigos; e de Jorge, o fisioterapeuta do embaixador. As narrativas dos dois protagonistas baseiam-se em factos reais. Este livro já tinha estado entre os finalistas da edição do Prémio Jabuti do ano passado.
O Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon, criado pela Prefeitura Municipal de Passo Fundo, está ligado às Jornadas Literárias que se realizam há mais de 32 anos numa parceria entre a autarquia e a universidade. A 15.ª edição, coordenada pela professora Tania Rösing, tem como tema Leituras jovens do mundo e começou terça-feira à noite. Até terminar, a 31 de Agosto, vai levar a Passo Fundo 101 escritores e intelectuais de 11 nacionalidades.
Entre eles está o português José Afonso Furtado, o ex-director da Biblioteca Calouste Gulbenkian, que participa quinta-feira numa conferência a quatro vozes que tem por tema Convergência das mídias. Tem por companheiros de palco o espanhol Cesar Coll, professor de Psicologia Evolutiva e da Educação da Universidade de Barcelona; Massimo Canevacci, professor de Antropologia Cultural e de Arte e Culturas Digitais na Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade de Roma, e o brasileiro Nelson Pretto, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia.
Paralelamente a estas jornadas decorre o 12.º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Património Cultural, ondem participam também portugueses. Albano Figueiredo, da Universidade de Coimbra, fará na sexta-feira a conferência Leituras em intercâmbio - novos (e velhos) desafios, a que se segue uma discussão que volta a contar com José Afonso Furtado, autor dos livros Uma cultura da informação para o universo digital (ed. Fundação Francisco Manuel de Melo) e Os livros e as leituras (ed. Livros e leituras). Nesse dia, Furtado vai dividir o palco com a académica brasileira especialista em literatura comparada Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha, o romancista brasileiro e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa Miguel Sanches Neto, e o espanhol José Antonio Cordón García, da Universidade de Salamanca, numa discussão à volta do tema A leitura e os jovens, trânsitos culturais.
Os escritores brasileiros Ignácio de Loyola Brandão, José Castello e Marcelino Freire estão entre os convidados destas jornadas.