Nove fogos combatidos por mais de 700 bombeiros

Vila Real, Viseu e Viana do Castelo são os distritos onde as chamas continuam a lavrar intensamente.

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Nesta quinta-feira, 22 concelhos estão com risco máximo de incêndio Carla Carvalho

Um dos nove incêndios mais significativos lavra desde segunda-feira na localidade de Cousso/Paderne, concelho de Melgaço, em Viana do Castelo. Às 7h, este fogo tinha uma frente activa, combatida por 107 operacionais, apoiados por 34 veículos, segundo a página de Internet da Protecção Civil.

No concelho de Murça, distrito de Vila Real, estão em curso dois fogos florestais. Um deles, em Sobredo/Noura, provocou durante a noite dois feridos e um terceiro bombeiro teve que receber assistência devido a uma intoxicação por inalação de fumos, segundo disse à Lusa o comandante dos bombeiros de Murça, Joaquim Teixeira.

Dois bombeiros, um da corporação de Provesende e outro de Murça, caíram enquanto combatiam o fogo em locais de encostas íngremes e para onde os bombeiros têm de “descer fraga a fraga”. De acordo com o comandante, no primeiro caso, após ter caído, o bombeiro queixou-se de dores nas costas, tendo sido imobilizado e transportado para o Hospital de Vila Real, de onde já teve alta, segundo a Lusa. A bombeira de Murça fracturou a tíbia e ainda se encontra hospitalizada.

“É bastante difícil combatermos este incêndio porque nós não temos qualquer acesso. São zonas de encosta acentuada”, acrescentou o comandante. Segundo o site da Protecção Civil, o fogo começou na quarta-feira às 10h18 e tinha esta manhã uma frente activa, combatida por 11 bombeiros e três veículos.

Um outro incêndio que deflagrou na quarta-feira em Vale Égua/Jou, no mesmo concelho, mobiliza esta manhã 24 bombeiros e seis viaturas.

Joaquim Teixeira referiu ainda na que, na quarta-feira à noite, lavraram quatro fogos em simultâneo no concelho, uma situação que “hipotecou todos os meios”. “Tenho alguma dificuldade em aceitar que qualquer um destes quatro incêndios seja de origem acidental, até porque dá a ideia que foram em locais estratégicos que eles apareceram”, referiu.

No distrito de Vila Real estão activos mais três incêndios, um em Boticas, na localidade de Alto Fontão/Beça, e outros dois em Vila Pouca de Aguiar, nas zonas de Montenegrelo/Soutelo de Aguiar e de Soutelinho de Amésio/Telões. No total, estes dois fogos estão a ser combatidos por 96 elementos, apoiados por cerca de 30 viaturas e três meios aéreos.

Três incêndios em Viseu
No distrito de Viseu estavam activos ao início da manhã três incêndios, que mobilizavam cerca de 450 bombeiros. Um deles deflagrou na madrugada de quarta-feira na Serra do Caramulo, em Silvares, concelho de Tondela, e destruiu ontem uma casa e barracões, tendo deixado uma pessoa desalojada. Esta manhã continuava com três frentes activas, combatidas por 11 bombeiros.

Em Penalva do Castelo continua activo o incêndio em Mareco, onde se encontram 164 bombeiros a tentarem controlar três frentes de fogo. Em Vouzela as chamas lavram desde terça-feira na localidade de Nogueira de Alcofra e estão a ser combatidas por 174 bombeiros e meia centena de veículos.

O incêndio em Trancoso, no distrito da Guarda, que deflagrou ontem às 11h55 e feriu três bombeiros, um deles com gravidade, foi entretanto dominado durante a noite e já não consta da lista de maiores incêndios activos no site da Protecção Civil. Um dos bombeiros feridos está internado no Hospital da Universidade de Coimbra com prognóstico reservado. Este incêndio destruiu várias casas e provocou constrangimentos no trânsito, nomeadamente no IP2.

O incêndio que ontem destruiu um carro de bombeiros em Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, foi dominado por volta das 21h e extinto durante a noite.

Nesta quinta-feira, os bombeiros terão a ajuda de dois aviões Canadair franceses que chegam mais cedo do que o previsto, para apoiar no combate às chamas durante os próximos seis dias. Estas aeronaves juntam-se aos dois Canadair espanhóis que começaram a actuar na quarta-feira e foram decisivos no combate às chamas em Góis, que foram dominadas ontem pela manhã.

Risco máximo de incêndio
Apesar de estar prevista uma descida da temperatura, em especial nas regiões do Norte e Centro, esta quinta-feira promete não dar tréguas aos bombeiros. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 22 concelhos do interior de Portugal continental apresentam risco máximo de incêndio, nos distritos de Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Santarém e Faro.

Na Madeira e nas ilhas do grupo Ocidental dos Açores, o IPMA accionou o aviso amarelo devido à previsão de temperaturas altas e à ocorrência de chuva. Este aviso está em vigor até às 19h59 de sexta-feira nas ilhas da Madeira e Porto Santo, e nas ilhas açorianas do Corvo e Flores.

O IPMA prevê para esta quinta-feira, no continente, céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se geralmente muito nublado por nuvens baixas e com neblina ou nevoeiro no litoral a norte do Cabo da Roca até ao final da manhã. O IPMA acrescenta que a nebulosidade poderá persistir em alguns locais da faixa costeira. Está também prevista a possibilidade de períodos de chuva fraca ou chuviscos na faixa costeira a norte do Cabo Carvoeiro até ao final da manhã.

Devido à previsão de temperaturas máximas elevadas nos distritos do Alentejo, a Direcção Geral de Saúde emitiu um alerta de calor, uma vez que podem registar-se efeitos na saúde das populações. O alerta destina-se aos distritos de Portalegre, Évora e Beja.

Segundo o IPMA, todo o território português com excepção do litoral Norte apresenta risco muito elevado de exposição a radiações ultravioleta. Quase todas as cidades do país estarão entre os níveis oito e dez, sendo que o máximo é 11. Os casos mais graves são o Funchal (arquipélago da Madeira), onde o nível vai chegar ao 10, e Porto Santo (Madeira) e Ponta Delgada (Açores) que apresentam um índice de UV de 9.

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