Polícia egípcia cerca mesquita onde se refugiaram apoiantes da Irmandade Muçulmana

Mais de mil detidos e dezenas de mortos na “Sexta-feira de raiva”. Irmandade Muçulmana convocou novos protestos para este sábado.

Fotogaleria
Amr Abdallah Dalsh/Reuters
Fotogaleria
Centenas de pessoas concentram-se à entrada da mesquita de Al-Fatah REUTERS/Louafi Larbi
Fotogaleria
REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Fotogaleria
REUTERS/Mohamed Abd El Ghany

O balanço sobre as detenções foi avançado pelo Ministério do Interior, que acusa a Irmandade Muçulmana de actos de terrorismo durante os protestos de sexta-feira. O movimento islamista respondeu anunciando novas manifestações para este sábado.

A situação no Cairo é descrita como muito tensa. Há blindados do Exército e da polícia a bloquear os principais acessos ao centro, zonas da capital desertas e muita contra-informação a circular na imprensa e nas redes sociais.

Mas a situação mais tensa vive-se na zona da mesquita Al-Fatah, onde procuraram abrigo muitos dos manifestantes que ontem fugiram aos confrontos na praça Ramsés, epicentro da violência na Sexta-feira de Raiva.

Durante a noite, ouviram-se disparos e muitas pessoas recusaram abandonar o local temendo ser abatidas ou detidas. O porta-voz do Exército egípcio, que depôs e deteve o Presidente Mohamed Morsi a 3 de Julho último, utilizou o Facebook para denunciar que havia homens armados a disparar sobre as forças de segurança do interior da mesquita e a partir de edifícios próximos.

Durante a manhã, a polícia entrou no local para tentar negociar a saída dos manifestantes. Terá sido sugerido que as mulheres poderiam sair em segurança se alguns dos manifestantes aceitassem falar com as autoridades. A proposta terá sido recusada, segundo testemunhos recolhidos pela AFP. Também a Al-Jazira falou por telefone com uma das mulheres que se encontram cercadas na mesquita. À estação de televisão árabe, Omaima Halawa disse que era uma das perto de 700 pessoas, incluindo crianças, que se recusavam a sair enquanto não estivessem reunidas garantias de segurança. 

Pouco depois, começaram a surgir informações de que a polícia estaria a retirar as pessoas do local, algumas das quais teriam sido detidas e outras agredidas por apoiantes do Exército que se concentraram no exterior da mesquita. 

Segundo um balanço avançado pela Al-Jazira, pelo menos 95 pessoas morreram nos confrontos de sexta-feira, num novo banho de sangue que agrava o fosso crescente entre os islamistas e os que apoiam o golpe militar que, a 3 de Julho, derrubou o Presidente Mohamed Morsi. Na última quarta-feira, a violência desencadeada pela ofensiva das forças de segurança contra acampamentos dos apoiantes do Presidente deposto ultrapassou os 600 mortos, um número elevado pela Irmandade Muçulmana para mais de dois mil.

Sugerir correcção
Comentar