Joana Vasconcelos foi à Ajuda fazer a exposição individual mais vista de sempre em Portugal
Mais de 178 mil visitantes a duas semanas do encerramento da mostra ultrapassam números de exposições dedicadas a Frida Khalo, Amadeo ou Rauschenberg.
Os números anunciados nesta terça-feira pela produtora musical Everything is New, que se estreou com este projecto na área das exposições, marcam um recorde para o Palácio da Ajuda, mas também para a artista em Portugal. Em 2010, Sem Rede, a sua maior exposição individual até então, foi vista no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém (CCB), por 167.852 pessoas. Claro que, para a artista plástica, há também um outro recorde fora do país - um milhão e seiscentas mil pessoas visitaram Versalhes, nos arredores de Paris, quando a sua Joana Vasconcelos Versailles lá estava no Verão passado.
Já o Palácio Nacional da Ajuda viu durante estes quatro meses e meio o triplo dos visitantes do que em todo o ano de 2012 – segundo dados do Instituto dos Museus e da Conservação, a residência real oitocentista contou 50.065 visitas no ano passado. Joana Vasconcelos no Palácio Nacional da Ajuda levara no seu primeiro mês de estadia na Ajuda 43 mil pessoas ao monumento nacional. A exposição mais vista na Ajuda até aqui era De Pedro, o Grande a Nicolau II: Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage (2007), com 105 mil visitantes em cinco meses.
No panorama museológico português, Joana Vasconcelos ultrapassa assim com a sua maior exposição individual de sempre, com 38 peças, nomes como o de Frida Khalo, Robert Rauschenberg, Paula Rego, Amadeo de Souza-Cardoso ou Juan Muñoz. Cento e cinquenta e sete mil visitantes acorreram ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, para ver a exposição dedicada a Paula Rego em 2004, seguida de Robert Rauschenberg: Em viagem 70-76, que recebeu 120 mil visitantes em 2008. Mais recentemente, a exposição mais vista de 2012 foi a da holandesa Marijke van Warmerdam, De Perto à Distância, também em Serralves, com 100.653 visitantes.
A mexicana Frida Khalo foi vista por 105.220 pessoas no Centro de Exposições do CCB em 2005 e em 2007. Amadeo Souza-Cardoso (1887-1918) Diálogo de Vanguardas tornou-se uma das mostras mais populares da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com 100.117 ingressos vendidos.
Já no Museu Berardo – que, assinale-se, tem entradas gratuitas -, a mostra individual mais vista pertence precisamente a Joana Vasconcelos e a Sem Rede com os seus 167 mil visitantes. Joana Vasconcelos no Palácio Nacional da Ajuda tem ingressos gerais a dez euros e foi a primeira experiência da Everything is New na produção de exposições, representando para a empresa um negócio em que, segundo disse ao PÚBLICO em Março Anabela Carvalho, subdirectora da Direcção-Geral do Património Cultural, "o produtor cobre todo o investimento” e depois “assegura a receita equivalente que o palácio teve no mesmo período do ano passado. Quando atingir o break even, os lucros serão partilhados tendo em conta a média da receita do Palácio, mais 10%". Ou seja, de acordo com os números agora disponíveis a mostra foi também um sucesso financeiro para a promotora de espectáculos e para a artista.
A exposição comissariada por Miguel Amado é composta por 38 peças inseridas em várias salas em dois pisos do cenário sumptuoso do palácio-museu, como o carro War Games (2011), o lustre Carmen e A Noiva (ambos de 2001). Joana Vasconcelos e o seu Trafaria Praia são representantes de Portugal na 55.ª Bienal de Veneza, que decorre na cidade italiana. O cacilheiro estará em Veneza até 24 de Novembro.