Uma mamã no Park

Apesar da maternidade mudar a vida, ao ponto de por vezes parecer que ela desapareceu, cabe-nos resistir à invasão de fraldas e dar-lhe a volta

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Pedro Soenen

Existe obviamente um antes e um depois de se ser mamã, mas o depois não tem que ser necessariamente o inverso do que se era antes. Apesar de a maternidade mudar a vida, ao ponto de por vezes parecer que ela desapareceu, cabe-nos resistir à invasão de fraldas e dar-lhe a volta. Sou uma mamã a caminho dos trinta, vivo na capital, gosto de frequentar sítios estimulantes e "trendy", e agora tento sempre fazê-lo com o meu bebé.

Tentar nem sempre é conseguir, pois deparam-se muitos obstáculos a quem tem “mobilidade reduzida”. Ninguém disse que ser mãe em Portugal era fácil, sobretudo a andar na calçada portuguesa com um carrinho de bebé (já nem falo de saltos altos!). Ser mãe não deve ser sinónimo de monotonia ou desleixo pessoal e social. Não significa ter uma crise de identidade, pelo contrário, dá-nos a hipótese de nos afirmarmos como mulheres completas. E enquanto mulher-mamã tenho vontade de passear e conhecer locais e pessoas, mesmo carregando todos os acessórios maternais. O meu bebé-companheira é a Guadalupe (Lupe para os amigos e leitores) que fez recentemente onze meses, mas já adora “laurear a pevide”! Desde que nasceu que me acompanha em todas as investidas e aventuras pela cidade.

Estreámos um novo espaço no cimo do parque de estacionamento da Calçada do Combro, o Park. Para quem vai de carro, pode estacionar mesmo à porta, no sexto piso! Para quem optar por uma caminhada, deve ter em conta os degraus que encontra quem descer a calçada, antes de subir no elevador. À entrada há uma bela rampa para nos receber e, uma vez lá em cima, a vista sobre Lisboa é encantadora. A decoração é muito própria, embora não própria para crianças: a opção por madeira não tratada faz com que se arranhe qualquer pele, imagine-se a mais sensível. O espaço é agradável, com cores bonitas e boa música. Caso sejam mamãs de uns traquinas que já andam a mil à hora, todo o cuidado é pouco, a vedação não é "kid-friendly"!?

O serviço pareceu ainda não estar completamente afinado, apesar da simpatia.? A ementa baseia-se sobretudo em hambúrgueres e há-os para todos os gostos: de peixe, carne ou vegetarianos, são servidos em pequenas frigideiras, um detalhe adorável! Vasta é a lista das bebidas, pois o Park começou por ser um bar, mas agora abre mais cedo e serve também almoços. E nós estreámo-lo no dia em que mudou, o que talvez justifique o facto de não haver um terço da ementa... no entanto, não há razão aparente para que um espaço que foi desenhado e planeado de raiz não tenha um fraldário. Tive de mudar a lingerie da Lupe... num sofá vintage.?

Voltámos uns dias mais tarde e notou-se desde logo a evolução no serviço, embora continuemos sem muitas sombras na esplanada, mesmo com o Sol a pique, talvez seja para não nos tapar a vista.?

Chama-se Park em sintonia com a sua localização, mas está longe de ser um parque para os mais pequenos. Dito isto, regalem-se os graúdos com as bebidas frescas de Verão, enquanto os pequenotes apertam o nariz aos veados da decoração!

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