Urso polar terá morrido de fome devido ao degelo no Ártico
Animal foi encontrado morto em Julho, prostrado no chão, com pouco mais do que pele e osso.
“Tendo em conta a sua posição deitada, parece que simplesmente o urso estava esfomeado e morreu no sítio onde caiu”, afirma Ian Stirling, que tem estudado os ursos polares nos últimos 40 anos, citado pelo Guardian. Stirling examinou o cadáver do animal e concluiu que este não tinha qualquer sinal de gordura corporal e estava reduzido a “pouco mais do que pele e osso”.
O urso tinha sido visto por cientistas do Instituto Polar Norueguês em Abril, no Sul de Svalbard, e nessa altura parecia saudável. Já tinha sido encontrado, alguns anos antes, naquela mesma área. Os especialistas acreditam que o facto de ter sido agora encontrado morto, a 250 quilómetros do local onde era visto normalmente, significa que o urso andava fora da rota habitual.
Os especialistas acreditam que o animal terá seguido os fiordes, grandes entradas de mar entre altas montanhas rochosas, dirigindo-se para norte.
Os ursos polares alimentam-se quase exclusivamente de focas e precisam de bancos de gelo, onde as capturam. No ano passado, devido ao aquecimento global, os bancos de gelo do Ártico atingiram mínimos históricos. “A quebra dos bancos de gelo em Svalbard em 2013 ocorreu muito mais rapidamente e mais cedo”, explica Prond Robertson, do Instituto Meteorológico da Noruega.
Segundo este especialista citado pelo Guardian, a água quente entrou nos fiordes da zona ocidental em 2005 e 2006 e mantém-se por lá.
“A maioria dos fiordes e dos canais inter-ilhas em Svalbard não congelaram normalmente no último Inverno e por isso muitas das áreas onde o urso sabe que pode ir caçar focas na Primavera não foram tão produtivas como é costume”, afirma Ian Stirling. Conclusão: o animal provavelmente foi à procura de comida noutra zona mas não teve sucesso.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês), oito das 12 populações de ursos polares do Ártico sobre as quais há informações disponíveis estão em declínio. Três estão estáveis e apenas uma está a evoluir favoravelmente.
A IUCN estima que, a acentuar-se o ritmo do degelo, entre um terço e metade dos ursos polares vai morrer nas próximas três gerações, ou seja, nos próximos 45 anos.