Pelo segundo ano consecutivo, os amantes de jazz do Porto vão ter razões para passar umas noites ao relento, nos sábados de Agosto, nos jardins do Palácio de Cristal. Tudo isto pela mão da Associação "Porta-Jazz", projecto que “surgiu com o objectivo de dinamizar o Porto nesta área artística e reunir os músicos, que já são muitos". "Estavam dispersos por não haver um circuito forte e queríamos incentivar a criação de projectos originais”. Incentivo esse que muito ganhou com a criação de um espaço para si reservado no 4.º piso do Edifício Axa. João Pedro Brandão, da organização, contou ao P3 o que o público pode esperar desta segunda edição, onde a entrada é livre.
É já neste sábado, dia 3, que João Paulo Rosado volta a apresentar o seu “Sinopse”, algo que é definido pelos próprios como “um projecto onde a música pretende reflectir as emoções, ideias e pensamentos mais pessoais do músico.” O contrabaixista, aliando-se à guitarra, baixo, bateria, piano e saxofone dos outros músicos com quem partilha o momento de criação em palco, propõe-se o desafio de “transformar um pensamento, conceito ou uma imagem num som”.
Foi na proximidade entre criador e audiência que a “Porta-Jazz” apostou, não só para este evento, como para a programação durante todo o ano: “Concertos com grupos de música original do Porto, em que o público está em proximidade com os artistas. Concertos quase acústicos: estrados baixinhos, que permitem aos músicos sentir essa energia directamente, aliás, o jazz vive dessa reacção. "É essa fórmula que permite a sobrevivência com os orçamentos baixos de que dispõem, embora isso não esteja a ser um grande entrave à produção artística. “Usamos a lógica da economia local”.
Num formato que não tem grande diferença relativamente ao do ano passado, perceberam que “não faz sentido fazer grandes produções quando há aqui grande qualidade. O custo de produção é muito baixo e satisfaz artisticamente as pessoas na mesma. Reduzimos tudo que é acessório. As pessoas acham que a qualidade só existe no estrangeiro, mas também qualidade existe aqui.” Mas João Pedro Brandão admite, o apoio da câmara é imprescindível: “É o que permite que a entrada seja livre e que consigamos aquele espaço.”
Na semana seguinte, cabe ao sexteto Zagorro, acabados de se formar pela ESMAE e vencedores do prémio de melhor Combo na 10.ª Festa do Jazz do S. Luiz, mostrar ao público um jazz contemporâneo de composições originais.
Jazz instrumental
Inteiramente dedicado ao jazz instrumental, este ciclo conta ainda com terceto do veterano Manuel Beleza no dia 17 de Agosto, às 22h (todas as semanas começa à mesma hora). O pianista, organista e compositor vem degustando, nos últimos anos, o projecto “Para além de mim…”, tendo culminado num álbum editado, recentemente, onde o órgão Hammond, o saxofone e a bateria são reis, num estilo influenciado pelo rock, pela música de fusão, mas também pela erudita, étnica e afro-latina.
A honra do encerramento cabe a J4nela, grupo de João Mortágua, composto por saxofone, guitarra, contrabaixo e bateria, com uma pitada de ritmos urbanos.
O jazz nacional vai ser celebrado também em outros pontos do país. Já na sua 30.ª edição, a Fundação Calouste Gulbenkian volta ao “Jazz em Agosto”. A Casa da Cultura de Loulé não descura a sua 19.ª edição do Festival Internacional de Jazz de Loulé e o Meo Out Jazz tem programação agendada pelo menos até Setembro.