Primeiro doutorado timorense em Portugal desenvolve combustível made in Timor-Leste
Chegou a Portugal em 2001 e fez toda a sua formação em Aveiro. Agora, Samuel Freitas quer levar daqui o que aprendeu para fazer de Timor um país melhor.
O estudante, hoje com 30 anos, chegou a Portugal em 2001 e ingressou na universidade aveirense no ano seguinte, ao abrigo do protocolo de formação de estudantes timorenses assinado entre os governos de Portugal e Timor-Leste.
Nos últimos cinco anos, durante os quais se dedicou à investigação para a sua tese de doutoramento, desenvolveu “uma metodologia para produzir biodiesel a partir de óleos de sementes nativas de Timor” que “promete ajudar a alargar a rede de distribuição eléctrica” em Timor-Leste, país onde a electricidade não chega ainda à totalidade da população, indica um comunicado divulgado nesta terça-feira pela Universidade de Aveiro.
O projecto foi também pensado de maneira sustentável e eficaz, de modo a ser mais facilmente introduzido em Timor-Leste, até porque o combustível é produzido a partir de “óleos vegetais extraídos de sementes do pinhão-manso e da nogueira de Iguapé”, árvores que existem em larga escala no território timorense.
De acordo com Samuel Freitas, o biodiesel terá, assim, uma dupla valência: além de contribuir para a produção de electricidade, poderá ser usado como combustível para automóveis, uma vez que “tem propriedades semelhantes ao gasóleo”, não sendo necessárias muitas modificações nos motores.
“O ambiente agradece, pois com a introdução do biodiesel nos combustíveis fósseis eliminam-se muitas emissões tóxicas que poluem o meio ambiente”, refere o recém-doutorado timorense.
Samuel Freitas prepara-se agora para regressar a casa, depois de um período de 11 anos a estudar em Aveiro. A sua prioridade é a educação, até porque acredita no potencial dos jovens timorenses.
“Quero ir para a Universidade Nacional de Timor Leste para ajudar a incrementar o sistema educativo no meu país, porque são os jovens formados que vão contribuir para melhorar o desenvolvimento da minha terra”, diz.
O jovem engenheiro químico acredita que há muito para fazer em Timor-Leste, uma vez que “há muitos recursos energéticos em Timor que têm se ser explorados pelos próprios timorenses”.