Coreia do Norte pede ao Panamá que deixe partir "sem demora" cargueiro com armamento cubano
Peritos das Nações Unidas devem chegar a 5 de Agosto para inspeccionar material da era soviética escondido no meio de uma carga de açúcar.
“A carga nada tem para além de armas obsoletas que devem ser reenviadas para Cuba depois de serem modernizadas [na Coreia do Norte], nos termos de um contrato legal”, declarou o ministério norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência oficial KCNA.
O Panamá pediu que o armamento fosse inspeccionado por peritos das Nações Unidas e na quarta-feira o ministro da Segurança, José Raul Mulino, disse que uma comissão incumbida desse trabalho deverá chegar ao país no dia 5 de Agosto.
Cuba confirmou na quarta-feira que o armamento “defensivo” encontrado a bordo do cargueiro norte-coreano Chong Chon Gang lhe pertence e acrescentou que se trata de material “obsoleto”, da era soviética, que ia ser reparado na Coreia do Norte para depois voltar.
Um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros cubano lido na televisão indica que são “240 toneladas de armas defensivas obsoletas – dois misséis terra-ar Volga e Pechora; peças de nove mísseis; dois aviões Mig-21 e 15 motores para estes aparelhos – todos fabricados em meados do século passado”. “Os acordos subscritos por Cuba neste campo assentam na necessidade de manter a nossa capacidade defensiva para preservar a soberania nacional”, acrescentou.
O navio foi retido no sábado no porto de Colón, pouco antes de entrar no Canal do Panamá, a caminho do Oceano Pacífico, depois de as autoridades panamianas terem recebido a informação de que transportava droga. Uma inspecção ao cargueiro, que oficialmente transportava açúcar, mostrou que levava “maquinaria de guerra” não declarada. A informação foi divulgada na segunda-feira.
“A carga é ilícita porque não foi declarada. O que não é reportado, mesmo que seja obsoleto, é contrabando”, disse o ministro Mulino.
O envio do armamento para a Coreia do Norte pode ser considerado uma violação das sanções impostas pelas Nações Unidas ao país asiático devido ao seu programa nuclear militar.
“Se se confirmar que a carga viola as resoluções da ONU, esperamos que o comité de sanções do Conselho de Segurança tome medidas rapidamente”, comentou o Governo sul-coreano.
Shin In-Kyun, presidente do Korea Defence Network, um centro privado de estudos, sul-coreano, disse à AFP que a Coreia do Norte tem capacidade para prestar serviços de reparação de mísseis ao estrangeiro. “Mas não podemos excluir a possibilidade de a Coreia do Norte importar peças para os seus próprios mísseis da era soviética”, acrescentou.