Empresários apelam a partidos: “entendam-se” urgentemente
O cerco não pára de se apertar em torno do PSD, PS e CDS-PP à medida que o calendário avança.
Entre os signatários estão, por exemplo, Daniel Bessa, Francisco Van Zeller, João Bento, João Talone, Alexandre Relvas, Rui Vilar e Vasco de Mello. “Entendam-se, nos termos que só os próprios determinarão, condicionados, para que o exercício cumpra os objectivos pretendidos ao acordo das entidades que hoje nos financiam, enquanto não conseguirmos dispor da autonomia que só poderá ser assegurada por um regresso pleno aos mercados financeiros”, exigem.
Na carta de três parágrafos, os empresários lembram que em dois anos de memorando, apesar dos resultados positivos nas contas externas, há objectivos apenas parcialmente alcançados em áreas como as finanças públicas e as reformas estruturais, ao passo que as medidas adoptadas provocaram “um rasto de sofrimento (de que o desemprego constitui o exemplo maior)”. Um esforço que não deve ser desperdiçado, por isso os empresários afirmam que “o tempo não é de recuar mas de avançar, de forma concertada, cumprindo a nossa parte”.
Rui Vilar disse ao PÚBLICO que a iniciativa partiu do “sentimento de urgência em que se saia deste impasse e se encontrem as condições para que os problemas financeiros e económicos possam começar a ser ultrapassados”. A crise política das últimas semanas é “extremamente negativa para a percepção do país no exterior”. Por isso, um acordo seria um “princípio da solução”, acredita Rui Vilar, que realça, no entanto, que esta está “nas mãos dos partidos mas também do Presidente da República. Todos têm de assumir as suas responsabilidades.”
Os empresários consideram que as exigências de Cavaco Silva aos partidos estão “em linha com os anseios mais profundos” da população, ainda que se corra o risco de aqueles não chegarem a acordo, “em prejuízo de todos nós” – e é esse cenário que querem evitar com este apelo.