Reino Unido vende armas à Síria e ao Irão
Comissão parlamentar conclui que o governo de Cameron autorizou a venda de armamento no valor de 14,1 mil milhões de euros
O Governo britânico, nas mãos do conservador David Cameron, renovou ou passou 3000 licenças de exportação de armas, para um montante de 14,1 mil milhões de euros, "uma soma gigantesca", revelou o antigo ministro da Defesa e presidente da comissão parlamentar que preparou o relatório, John Stanley. "Até pensei que alguém tinha acrescentado alguns zeros".
Dos 27 países considerados sensíveis na lista do Governo britânico só dois não têm contratos de fornecimentos de armas com o Reino Unido, a Coreia do Norte e o Sudão do Sul. O Irão assinou 62 contratos, sobretudo para fornecimento de material de criptografia, e a Rússia tem 27 para equipamentos de biotecnologia, armas de precisão, armamento de laser e drones. Estes dois países fornecem armas ao regime do Presidente Bashar al-Assad, na Síria.
O próprio Governo britânico aprovou três autorizações de fornecimento de material bélico à Síria - veículos todo o terreno e peças de sonar. Na terça-feira, Londres autorizou o fornecimento de material de protecção contra armas químicas à oposição síria.
A China é o país com mais licenças com o Governo britânico (1163 para entregas no valor de 1,8 mil milhões de libras). Israel é quem mais paga ao Reino Unido: 7,7 mil milhões de libras gastos sobretudo na compra de material de criptografia para utilização militar e civil.
Num ponto especialmente sublinhado está a Argentina, país com quem o Reino Unido travou uma guerra em 1982 (pela posse das Falklands), e a quem concedeu 57 licenças para a compra de armamento. A Argentina faz parte dos cinco países que motivaram interrogações por parte da comissão parlamentar, apesar de não constam da lista de países sensíveis a quem o Reino Unido vende armamento. Os outros são o Egipto, a Tunísia, o Bahrein e Madagáscar.
O Governo assegurou os parlamentares que realizaram o relatório que as três mil licensas de exportação não incluem equipamento "cuja natureza permita a sua utilização na repressão interna" ou que "provoque ou prolongue conflitos regionais ou internacionais". Mas John Stanley exigiu "um comportamento mais prudente no momento de conceder as licenças a regimes autoritários".