Aquecimento global pode fazer subir nível do mar em 2,3 metros por cada grau Celsius

Cientistas acreditam que esta é a primeira "estimativa robusta" do impacto que pode ter o aumento da temperatura do planeta nos oceanos. É preciso adaptar as zonas costeiras, alertam.

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Degelo na Gronelândia é um dos factores que faz subir o nível do mar Reuters

Anders Levermann, coordenador do trabalho elaborado no Instituto para a Investigação sobre o Impacto do Clima, em Potsdam, diz que esta é a primeira análise feita com base na história da evolução do clima, combinada com simulações em computador dos três factores que podem contribuir para a subida do nível do mar a longo prazo: a expansão termal (aumento de temperatura) dos oceanos, o recuo dos glaciares de montanha e o degelo das calotes glaciares da Gronelândia e da Antárctida.

"No passado, havia alguma incerteza e não se sabia quanto poderia ser [o aumento]", afirmou Levermann à Reuters. "O que estamos a dizer agora é que, tendo em conta tudo o que sabemos, temos uma estimativa robusta de 2,3 metros de subida do nível do mar por cada grau de aquecimento", explicou.

Nos últimos cem anos, o nível do mar subiu 17 centímetros, a uma média de três milímetros por ano, segundo o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas. Um terço deste aumento resulta do degelo na Antárctida e na Gronelândia.

Segundo o mesmo organismo, a temperatura média da superfície do planeta subiu cerca de 0,8 graus Celsius desde a Revolução Industrial (meados do século XVIII) e deverá aumentar entre 0,4 a 1 grau entre 2016 e 2035, em comparação com as temperaturas registadas no período de 1985 a 2005.

O IPCC considera que o aquecimento global é resultado da emissão de gases com efeito de estufa, provenientes da queima de combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão. Alguns cientistas, no entanto, consideram que o aumento da temperatura global resulta das flutuações naturais do clima no planeta, não se devendo assim à acção humana.

Seja como for, cerca de 200 países concordaram em tomar medidas para limitar o aumento da temperatura para menos de dois graus Celsius acima da era pré-industrial. “A subida do nível do mar é algo que não podemos evitar, a menos que as temperaturas globais desçam novamente”, observou Anders Levermann, citado pela agência Reuters.

“Os nossos resultados indicam que é preciso uma maior adaptação das zonas costeiras. É provável que algumas regiões actualmente muito povoadas não possam ser protegidas no longo prazo”, admitiu.

Alguns estudos já tinham estimado a elevação do nível do mar para cerca de dois metros até 2100, o que provocaria o alagamento de algumas regiões – é o caso do Bangladesh e do estado americano da Florida, por exemplo.

“Acreditamos que a nossa estimativa é robusta por causa da combinação das leis da física com os dados que usamos”, sublinhou o coordenador do estudo. “Penso que estabelecemos um modelo de referência sobre quanto vai subir o nível do mar com os aumentos da temperatura.”
 
 

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