Reacções à comunicação de Cavaco Silva ao país

Presidente da República pede "compromisso de salvação nacional" e diz existirem razões económicas, financeiras e políticas para recusar legislativas antecipadas antes do final do programa de ajustamento.

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BE protesta por Governo ter mantido em “segredo” a medida enquanto se discutia no Parlamento o orçamento rectificativo Rui Gaudêncio

Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD: "[Como o Presidente da República afirmou que o actual Governo se encontra em plenitude das suas funções] o Governo deve continuar a exercer as suas competências e funções."

Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS: "O Presidente da República entendeu tomar uma iniciativa política a que chamou compromisso de salvação nacional."

Ribeiro e  Castro, deputado do CDS: "[A demissão de Paulo Portas] interrompeu a legitimidade política suficiente da maioria parlamentar e levou o Presidente a ir contra aquilo que foi sempre o seu padrão: não aceitar pela primeira vez uma proposta da maioria."

Alberto Martins, membro do secretariado nacional do PS: "O PS não viabilizará um Governo sem que os portugueses manifestem a sua vontade através de eleições."

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP: "Na sua intervenção [do Presidente da República] verificou-se a linha de chantagem e de pressão que tem acontecido nos últimos dias sobre sobre o povo português."

João Semedo, coordenador do BE: "A recusa da convocação de eleições antecipadas para resolver a crise política [é sinal de que] o Presidente da República se resignou perante a vontade da troika, dos banqueiros (....) e dos partidos que o elegeram. [O apelo para o compromisso de salvação nacional] revela as fragilidades das convicções democráticas de Cavaco Silva."

José Luís Ferreira, deputado do PEV: "[O Presidente da República] está a revelar alguns indícios de alguém que tem poucas garantias por parte do Governo que acaba de viabilizar. [A] possibilidade [de uma moção de censura] está em cima da mesa, como esteve sempre."

Manuel Alegre, ex-candidato à Presidência da República: "A possibilidade de haver eleições em 2014 “é uma manobra, é proposta de diversão, é uma espécie de fuga ao exercício dos poderes constitucionais que o Presidente podia ter exercido e não quis exercer."

Ferro Rodrigues, ex-secretário-geral do PS: "O Presidente da República acabou por transformar uma crise política que já era grave numa crise política gravíssima, gerando uma situação dramática."

Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira: "Estar a anunciar que se faz eleições daqui a um ano, acho isso desastroso, estar a propôr aos partidos aquilo que eles não querem aceitar acho desastroso."

Bagão Félix, ex-ministro das Finanças: "Esta solução é a mais difícil, mas a melhor para o país, as outras soluções aparentemente mais expeditas e fáceis, são piores para o país designadamente a antecipação de eleições para agora."

António Lobo Xavier, ex-dirigente do CDS: "O discurso do Presidente da República veio instaurar o caos, alongando o período de crise, na medida em que não tem uma solução concreta."

Nobre Guedes, antigo ministro do CDS: "Houve, efectivamente, uma ruptura institucional entre o Presidente da República e os dois partidos que apoiaram a sua candidatura."

Carlos Silva, secretário-geral da UGT: "É um repto interessante feito aos principais partidos portugueses. A ideia do senhor Presidente é que [os partidos] têm de se entender."

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP: "A declaração do Presidente da República é o reconhecimento do fracasso da política do Governo, mas é um condicionamento gravíssimo ao exercício da democracia."

António Saraiva, presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal: "Vejo com bons olhos o apelo ao sentido de responsabilidade dos partidos e dos dirigentes políticos que leva à estabilidade e à retoma do crescimento."

Francisco Calheiros, presidente da CTP - Confederação do Turismo Português: "A CTP pediu para não haver eleições antecipadas. Esse pedido foi aceite ou tomado em consideração pelo senhor Presidente da República. Pelo facto temos de nos congratular."

João Machado, presidente da CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal: "Um acordo amplo para o cumprimento do memorando da troika e, sobretudo, para um conjunto de reformas políticas de que o país precisa (...) seria muito desejável para Portugal". 

João Vieira Lopes, presidente da CCS - Confederação de Comércio e Serviços: "Não vemos como é que há condições para alterar esta política económica, que nos está a levar para o abismo. [Sem uma solução] continuaremos em recessão, com o encerramento de empresas e aumento do desemprego". 

Jorge Miranda, constitucionalista: "Havia a convicção generalizada de que o Presidente da República não estava a exercer plenamente os seus poderes de Presidente. Esta é uma manifestação clara dos seus poderes num regime semipresidencialista como é o nosso."

José Adelino Maltez, politólogo do ISCTE-IUL: "Há aqui um desafio total ao sistema e, atendendo à responsabilidade do papel do Presidente da República, é uma provocação séria."

André Azevedo Alves, politólogo da Universidade Católica: "A não aceitação do que lhe foi proposto [a Cavaco Silva] e a proposta que ele fez e os termos em que a colocou tem perfeito enquadramento constitucional."

João Loureiro, economista: "A solução que o Presidente da República propõe é uma solução de todo o interesse para o país."