ElBaradei ainda não foi nomeado primeiro-ministro do Egipto

Presidência interina desmente nomeação que está a ser contestada pela Irmandade Muçulmana.

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Baradei foi um dos dirigentes que falaram aos egípcios após a deposição de Morsi AFP/TV Egípcia

Três dias depois do golpe militar que depôs o Presidente Mohamed Morsi, foi noticiada a nomeação de ElBaradei para chefiar um governo tecnocrático até à realização de novas eleições. Uma nformação confirmada pelo Tamarod, o movimento na origem dos protestos que levaram o Exército a afastar o dirigente da Irmandade Muçulmana, e por fontes da Presidência interina de Adly Mahmud Mansour, nomeado pelos militares, com quem ElBaradei se reuniu durante a tarde.

Só que ao final do dia, um porta-voz do Presidente interino, Adly Mahmud Mansou, confirmou o encontro, mas desmentiu a nomeação.

Segundo a agência francesa AFP, Ahmad al-Mouslimani, conselheiro do Presidente interino, desmentiu a nomeação, mas admitiu que a escolha do ex-director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) seja "a mais lógica". Já a Reuters cita um porta-voz do Presidente a afirmar que há várias hipóteses para primeiro-ministro, reconhecendo que é necessário ter em conta a oposição ao nome de ElBaradei.

Antigo director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), cargo que lhe valeu em 2005 o Nobel da Paz, ElBaradei foi indicado pela oposição como seu interlocutor junto do Exército e representante no processo de transição – foi um dos dirigentes que falaram ao país na quarta-feira à noite, depois de o chefe do Estado-maior, o general Abdel Fatah al-Sisi, ter anunciado a deposição de Morsi como consequência dos protestos que desde domingo exigiam o seu afastamento.

O plano de transição acordado entre os militares e a oposição previa, além do afastamento de Morsi (e a sua substituição pelo presidente do Supremo Tribunal), a suspensão da Constituição e a criação de um governo apolítico até à realização de novas eleições presidenciais e legislativas, ainda sem data marcada.

Mal foi anunciada, o Partido Justiça e Liberdade – a ala política da Irmandade Muçulmana – rejeitou a nomeação de ElBaradei, reafirmando a sua rejeição "pelo golpe militar e tudo o que dele resultar". O movimento, que tem dezenas dos seus dirigentes detidos, pediu aos seus manifestantes para continuarem nas ruas até à recondução de Morsi, o primeiro Presidente eleito democraticamente no Egipto. Na noite passada, depois de um dia de manifestações em que foram mortos três militantes islamistas, pelo menos 30 pessoas morreram em confrontos entre apoiantes e opositores do Presidente deposto.
 
 
 

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