Fitch: prolongamento da crise política pode ter efeitos no rating português

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Número de medidas implementadas pelo Governo é "impressionante", diz a Fitch Pierre-Philippe Marcou/AFP

Numa nota publicada nesta quinta-feira, a agência de <i>rating</i> diz que a sua avaliação já presumia que pudessem existir desentendimentos sobre a política orçamental e económica devido à magnitude do ajustamento, mas que este revés veio colocar mais entraves no plano de Portugal de regressar ao financiamento pleno nos mercados de dívida.

“O prolongamento da incerteza política que prejudique a formação ou execução das políticas, ou o incumprimento material do ajustamento orçamental ou externo de Portugal, colocará pressão sobre o rating da dívida soberana”, afirma a agência.

A Fitch considera que o pedido de demissão do ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, e do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, puseram em evidência “os riscos políticos e de implementação do programa de ajustamento do país”.

A agência mantém para já o seu cenário-base, em que o programa continuará a ser implementado, ainda que assumam que é agora mais complicado este vir a concretizar-se.

Sobre a escolha de Maria Luís Albuquerque para o lugar de Vítor Gaspar, a Fitch diz que esta demonstra o desejo de continuidade do primeiro-ministro, relembrando que a agora ministra tem sido uma grande defensora do cumprimento das metas do programa através das políticas do seu antecessor.

Caso fossem marcadas eleições antecipadas, a Fitch considera que mesmo que vão para o poder os partidos que assinaram o memorando (entre eles o PS ou novamente o CDS-PP) os riscos de desvio das metas do programa aumentaria e isso teria implicações não só nas finanças públicas mas também no rating.

A Fitch diz ainda que esta crise provocou um aumento das taxas de juro da dívida soberana no mercado secundário, perturbando os planos de Portugal de regressar em pleno aos mercados.

A agência relembra que o rating está em BB+, precisamente porque esperam que Portugal venha a precisar, e a receber, mais apoio de credores oficiais.

Pedro Passos Coelho anunciou na terça-feira que tenciona manter-se como primeiro-ministro, numa declaração ao país, feita na sequência do pedido de demissão de Paulo Portas do cargo de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Na mesma declaração, o primeiro-ministro disse que não aceitou o pedido de demissão de Paulo Portas, pelo que não propôs a exoneração ao Presidente da República do ministro dos Negócios Estrangeiros.

Pedro Passos Coelho comunicou a intenção de esclarecer as condições de apoio político ao Governo de coligação com o CDS-PP e o sentido da demissão do ministro Paulo Portas.

Hoje, o primeiro-ministro e líder do PSD e o líder do CDS-PP, Paulo Portas têm mantido diversas reuniões.