Parlamento boliviano pede expulsão de diplomatas portugueses, franceses e italianos
Represália pela interdição de passagem do avião de Evo Morales nos espaços aéreos. Embaixadores convocados.
"Na quinta-feira iremos solicitar à chancelaria [Ministério dos Negócios Estrangeiros] que declare personae non gratae os diplomatas dos três países "por respeito pelos bolivianos e, acima de tudo, pela vida de um Presidente", disse o deputado Galo Bonifaz, citado pela agência Lusa.
A representação diplomática de Portugal na Bolívia é chefiada pela embaixadora em Lima (Peru), Helena Margarida Rezende de Almeida Coutinho. No território da Bolívia, o Estado português mantém dois consulados – um em La Paz, cujo responsável é George Rezvani Albuquerque, e um em Santa Cruz de la Sierra, chefiado por Fernando Manuel Mateus Eustácio.
O avião presidencial da Bolívia, que transportava o Presidente Evo Morales de Moscovo para La Paz, foi forçado a aterrar em Viena, depois de Portugal, Espanha, Itália e França terem encerrado os respectivos espaços aéreos.
Segundo as autoridades da Bolívia, estes países suspeitavam que um dos passageiros do avião fosse Edward Snowden, o antigo analista informático contratado pela Agência de Segurança Interna dos Estados Unidos, que está retido no aeroporto russo de Cheremetievo desde 23 de Junho. Snowden passou a jornais americanos e europeus informações sobre as operações de espionagem da agência e foi acusado, nos EUA, de traição - pediu asilo político a 20 países, um deles a Bolívia.
As autoridades bolivianas afirmaram desde o primeiro momento que Snowden não estava no avião, uma informação mais tarde confirmada pelo Governo austríaco.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Bolívia acusa Portugal, Espanha, França e Itália de terem posto em risco a vida do Presidente Evo Morales, com base em “rumores infundados sobre a presença de Snowden no avião”. O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, descreveu o incidente como “um sequestro de Evo Morales na Europa”.
Manifestantes estão concentrados desde terça-feira à noite em La Paz em frente a várias embaixadas para protestar contra os países europeus que recusaram abrir o seu espaço aéreo ao avião presidencial. Nesses protestos, foram queimadas bandeiras da França e da União Europeia e foram lançadas pedras contra a embaixada de França.