Dilma recebe movimento que iniciou protestos, agora mais calmos
Presidente também se reúne com governadores e prefeitos. Fim-de-semana foi tranquilo. Estão a ser convocadas novas acções pelas redes sociais.
No domingo, no Rio de Janeiro, manifestaram-se cerca de 4000 pessoas, desde o meio da tarde até ao início da noite. No início, segundo o jornal Estado de São Paulo, predominaram as críticas à Proposta de Emenda Constitucional (PEC 37), que prevê a retirada do poder de investigação ao Ministério Público, conferindo essa atribuição exclusivamente às polícias.
A “passeata” contra a PEC 37 – que segundo os que a contestam facilita a impunidade da corrupção - decorreu com tranquilidade e prolongou-se até Ipanema, onde reside o governador do Rio, Sérgio Cabral, que nessa fase se tornou o principal alvo dos protestos. Não há relatos de distúrbios nem confrontos.
“Da Copa eu abro mão, quero saúde e educação!”, gritaram, em alguns momentos, manifestantes, repetindo uma palavra de ordem dos últimos dias, quando as manifestações tomaram conta de dezenas de cidades e mobilizaram para cima de um milhão de pessoas.
Em Fortaleza, cerca de 500 pessoas protestaram, à margem do jogo de futebol entre a Espanha e a Nigéria, incluído na Taça das Confederações. O acesso ao aeroporto chegou a ser bloqueado.
Dilma Rousseff , que prometeu um pacto nacional para melhorar os serviços públicos e lutar contra a corrupção, reúne-se nesta segunda-feira com representantes do Movimento Passe Livre. O seu objectivo é, segundo o Estadão, reverter a imagem de que é uma governante que não ouve ninguém. Mais tarde, a Presidente recebe os 27 governadores estaduais e do distrito federal (Brasília) e os prefeitos das capitais.
Segundo o jornal, os prefeitos vão propor que parte da contribuição de intervenção no domínio económico (cide), que incide sobre combustíveis, seja transferida para fundos municipais de transportes – a recente vaga de manifestações começou pela contestação ao aumento do preço dos transportes.
O Movimento Passe Livre anunciou no seu site acções nos próximos dias contra a violência policial, marcados para a periferia de São Paulo, a capital económica do país. Nas redes sociais Facebook e Twitter estão a ser feitos apelos a uma greve geral, após a final da Taça das Confederações.
Os analistas brasileiros dividem-se sobre o futuro do movimento de protesto. “Esta oposição apolítica vai acabar por se canalizar para um partido [nas presidenciais de 2014]", disse o analista Murillo Aragão, num debate no canal Globo News, citado pela AFP. “O movimento vai continuar e a sua duração vai depender do modo como a classe política responder”, disse Luiz Felipe Pondé, professor de Filosofia da Universidade do Rio de Janeiro.