Partido de esquerda sai do Governo após colapso das negociações para reabrir a TV

Esquerda Democrática, o mais pequeno dos três partidos da coligação, bateu com a porta. Ruptura deixa executivo com maioria de apenas três deputados.

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A televisão pública não retomou ainda as emissões apesar da decisão do tribunal administrativo Louisa Gouliamaki/AFP

A ruptura, ironicamente no dia em que a coligação completa um ano no poder, ficou clara logo após a reunião de quinta-feira à noite, a terceira desde que o primeiro-ministro encerrou compulsivamente a estação. “Não houve entendimento, estamos em desacordo sobre acções que atentam contra a legalidade”, explicou Fotis Kouvelis, líder do mais pequeno dos três partidos que compunham a coligação saída das legislativas de 2012.

Na reunião, nesta manhã, do grupo parlamentar do partido, Kouvelis defendeu a saída dos dois ministros que a Esquerda Democrática tinha no Governo e a maioria dos deputados acabou por aprovar a decisão.

Sem os 14 deputados da Esquerda Democrática, a Nova Democracia e o Pasok ficam com uma maioria de apenas três deputados no Parlamento grego, uma escassa margem para um executivo obrigado pelos acordos internacionais a continuar com duras reformas que, por mais de uma vez, provocaram já dissensões nas bancadas da maioria.

Numa declaração ao país, quinta-feira à noite, o primeiro-ministro apelou aos parceiros de coligação para não romperem o acordo de coligação, mas anunciou que, com eles ou sem eles, vai continuar “o esforço para salvar o país”. “Ninguém pode querer eleições agora”, acrescentou Samaras, numa referência às últimas sondagens, que colocam o partido neo-nazi Aurora Dourada em terceiro lugar nas intenções de voto.

Segundo a Reuters, Samaras deverá encontrar-se durante o dia com o líder do Pasok, Evangelos Venizelos, para discutir o futuro da coligação, depois de os socialistas terem assegurado que não pretendem romper o acordo apesar das divergências sobre a estação pública.

Samaras ordenou, sem pré-aviso nem negociações, o fim das transmissões da ERT e o despedimento dos 2700 trabalhadores, alegando que a estação pública era um exemplo da falta de transparência e despesismo nas empresas estatais. A decisão indignou os parceiros de coligação, que não terão sido consultados e, segundo a Reuters, na reunião de quinra-feira terá proposto contratar dois mil trabalhadores da ERT para a nova empresa de televisão que quer abrir dentro de alguns meses – um acordo que terá sido aceite pelo PASOK, mas recusado pela Esquerda Democrática.

Na segunda-feira, o tribunal superior administrativo grego ordenou a reabertura da televisão pública, mas há diferentes interpretações sobre o acórdão, que continua por cumprir. 

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