No Brasil, agora as manifestações são pela "tarifa zero" nos transportes

São Paulo e Rio de Janeiro anunciam que não vai haver aumentos.

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PÚBLICO

Ainda esta quarta-feira, surgiu o tão aguardado anúncio: em São Paulo, o bilhete de autocarro, metro e comboio volta a custar três reais (cerca de um euro) e no Rio fica sem efeito o aumento de 20 centavos (sete cêntimos de euro) na tarifa de autocarro, que se queda em 2,75 reais (0,95 euros).

Segundo o jornal Folha de São Paulo online, outras cidades seguiram o exemplo e recuaram no aumento do preço dos transportes. Foi o caso de Osasco, Guarulhos, Capinas, Araraquara e Sertãozinho.

O presidente da câmara de São Paulo, Fernando Haddad, sublinhou que o recuo na questão das tarifas vai representar um “enorme sacrifício” financeiro e que investimentos previstos noutras áreas irão sofrer cortes. Esta posição é partilhada pelo autarca do Rio, Eduardo Paes. Segundo Paes, este recuo vai custar à cidade cerca de 500 milhões de reais (cerca de 170 milhões de euros) por ano.

Após o recuo das autoridades na questão das tarifas o resultado não foi o esperado pelo Governo. Os protestos mantiveram-se. Segundo a BBC, em São Paulo e em Brasília houve bloqueio de estradas para comemorar e repetir outras das reivindicações que se têm ouvido nos últimos dias. No Rio de Janeiro ocorreram confrontos entre manifestantes e a polícia, entretanto serenados durante a noite. O mesmo se passou em Niterói. A BBC indica que autocarros terão sido apedrejados e a polícia e os manifestantes envolveram-se em confrontos. Em Belo Horizonte e Brasília a população manteve-se nas ruas, mas não houve registo de incidentes significativos.

Estes verificaram-se em Fortaleza, antes do jogo da selecção de futebol brasileira com o México, no âmbito da Taça das Confederações, um dos grandes eventos desportivos no Brasil que, tal como o Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos, tem sido alvo de protestos, devido aos gastos que exigem à economia do país.

Protestos são agora pela “tarifa zero”
Para esta quinta-feira estão previstas novas manifestações. Um dos movimentos envolvidos chamado Passe Livre, garantiu ao Folha de São Paulo online que haverá uma manifestação na Avenida Paulista, na zona centro de São Paulo, agora para exigir uma “tarifa zero”. Pedro Bernardo, de 28 anos, diz ao jornal que o objectivo é que o lucro da empresa de transportes seja reduzido, tendo em conta o poder económico da população.

Matheus Dantas, 18 anos, um dos jovens que se manifestou em Fortaleza contra as verbas aplicadas na construção de estádios e nos preparativos para receber o Mundial e os Jogos Olímpicos, explicou à AFP que as manifestações continuam a justificar-se: “Vamos continuar a protestar porque o dinheiro investido nos estádios que deve ir para a Educação e a Saúde. Montaram um circo aos olhos do mundo.”

A redução de tarifas não parece ter sido suficiente para refrear os protestos. David Fleischer, professor de Ciência Política na Universidade de Brasília, explica à Reuters que isso se deve às motivações diferentes de cada movimento envolvido nas manifestações. “É difícil antecipar o que pretende o movimento, porque não existe uma imagem clara de que são ou o que irão exactamente fazer”, diz.

Pelé não é pelas manifestações
Pelé, tricampeão do mundo pela selecção brasileira em 1958, 1962 e 1970 e embaixador do Mundial de futebol do Brasil, foi umas personalidades do desporto que se pronunciaram sobre os protestos, nomeamente os que constestam os investimentos nas provas desportivas que vão decorrer no país. Num depoimento em vídeo, gravado antes do jogo Brasil-México, o brasileiro apresenta-se não como Pelé, mas como "Edson, do tempo da Confederação Brasileira de Desportos", e como "torcedor brasileiro".

"Vou pedir mais uma vez aos brasileiros para não confundirem as coisas. Estamos iniciando uma preparação para a Copa do Mundo. A Copa das Confederações serve muito para a gente ter uma base de como vai ser a nossa equipe", defendeu, deixando depois uma mensagem a quem tem estado nas ruas nos últimos dias.

"Vamos esquecer toda essa confusão que está acontecendo no Brasil e vamos pensar que a selecção brasileira é o nosso país, é o nosso sangue. Não vamos vaiar a selecção. Vamos apoiar até o final", disse.


 
 

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