Um prémio que Agualusa quer que sirva de incentivo e promoção à literatura infantil

Escritor angolano venceu a primeira edição do Prémio Manuel António Pina com A Rainha dos Estapafúrdios.

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José Eduardo Agualusa receberá o prémio em Novembro Daniel Rocha

O prémio foi apenas anunciado no final do ano passado, dois meses depois da morte de Manuel António Pina, numa iniciativa da editora Tcharan que, além de querer prestar uma homenagem ao escritor, quer promover a literatura para a infância e juventude. Podiam concorrer os autores com obras inéditas publicadas durante o ano de 2012. José Eduardo Agualusa estava na lista com A Rainha dos Estapafúrdios (D. Quixote) e acabou por ser o escolhido.

Foi com surpresa que o escritor, que recentemente editou A Vida no Céu na Quetzal, recebeu a notícia, aplaudindo a iniciativa da Tcharan. “Há muito poucos prémios para a escrita para crianças, existem prémios para a ilustração mas não para a escrita”, diz Agualusa ao PÚBLICO, destacando que esta é uma área que “devia ser mais valorizada”. “Afinal implica a conquista de novos públicos”, acrescenta o escritor, para quem deviam existir ainda mais prémios nesta categoria.

Para o escritor é na idade infantil que se começam a criar hábitos de leitura e por isso acredita que devia ser uma prioridade o incentivo e promoção da literatura para estas idades. “Há quem diga que é mais fácil escrever para crianças mas isso não é verdade, não são um público nada fácil. As crianças são muito atentas e é preciso sempre ter muito cuidado na escrita, elas querem histórias com interesse, contadas de forma cuidada”, defende Agualusa.

Sobre o livro agora premiado, Agualusa, de 53 anos, revela que é o preferido da sua filha de 8 anos. “Ela ri-se muito com este livro”, conta o escritor, explicando que A Rainha dos Estapafúrdios, ilustrado por Danuta Wojciechowska, conta as aventuras de Ana, uma perdigota irrequieta e curiosa, à procura de uma roupa mais colorida do que aquela que a natureza lhe deu ao nascer. “É um livro com muito humor, que reinventa algumas histórias tradicionais.”

No valor de dois mil euros, Agualusa diz que não é o dinheiro que torna o prémio importante mas sim a homenagem que quer fazer. “É uma homenagem merecida, é muito bom que os prémios prestem estas homenagens”, conclui o escritor, que nunca chegou a conhecer Manuel António Pina.

O júri do prémio, composto por Adélia Carvalho (fundadora da Tcharan), Inês Fonseca Santos (jornalista) e Álvaro de Magalhães (escritor), decidiu ainda atribuir uma menção especial, no valor de 500 euros, a Emílio Remelhe, que assina com o pseudónimo Eugénio Roda o livro minhamãe (Edições Eterogémeas), ilustrado por Gémeo Luís.

Estas duas distinções serão entregues a 18 de Novembro, no Porto, data em que Manuel António Pina completaria 70 anos.

Notícia corrigida às 17h42: Corrigida a nacionalidade do escritor
 

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