Iranianos elegem novo Presidente em eleições ensombradas pela crise

Sucessor de Mahmoud Ahmadinejad será decidido entre um candidato moderado e três representantes da ala conservadora. Ayatollah Ali Khamenei repetiu apelo à mobilização.

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O Líder Supremo foi um dos primeiros a votar nas presidenciais Hassan Mousavi/Fars/Reuters

O ayatollah Ali Khamenei, Líder Supremo do Irão, foi um dos primeiros a votar, passava pouco das 8h locais (4h30 em Portugal continental). E numa breve declaração instruiu os eleitores a não ficarem em casa.

“A prosperidade e a felicidade do país dependem da vossa escolha sobre a melhor pessoa e da vossa participação nas eleições”, afirmou o líder iraniano que, depois de ter sido directamente visado por aqueles que em 2009 repudiaram nas ruas a reeleição de Ahmadinejad, fez saber que não irá tolerar novos desafios à sua autoridade.

Os apelos à participação – essenciais para que o regime iraniano possa proclamar o sucesso do escrutínio – foram repetidos durante a campanha por todos os candidatos. Mas nos bazares e nas ruas, muitos eleitores deixam escapar o desinteresse pela corrida eleitoral, quer porque os candidatos que sobreviveram ao crivo do regime despertam pouco entusiasmo entre a população, maioritariamente jovem e urbana do país, quer porque a crise desvia atenções. As sanções internacionais aprovadas por causa do controverso programa nuclear minam uma economia que há anos reclama reformas: a inflação supera os 30%, a divisa iraniana perdeu perto de 80% do valor, a taxa de desemprego continua a aumentar e a produção de petróleo é a mais baixa em 25 anos.  

Hassan Rohani, religioso moderado que concentra o apoio do campo reformista, defendeu na campanha uma política de aligeiramento em relação ao Ocidente, uma posição que lhe valeu acusações de cedência ao Ocidente da parte do actual Presidente da Câmara de Teerão, Bagher Ghalibaf, um dos candidatos conservadores tido como mais forte.

Na corrida estão também o actual chefe da equipa de negociadores nucleares, Said Jalili – tido pelos comentadores internacionais como o mais bem posicionado para suceder a Ahmadinejad e opositor de qualquer concessão ao Ocidente – e o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Ali Akbar Velayati.

A esperança dos reformistas assenta no facto de o campo conservador não ter conseguido chegar a acordo para apresentar uma candidatura unificadora, o que aumentaria as hipóteses de Rohani conseguir votos suficientes para levar as eleições a uma segunda volta, na qual seriam maiores as hipóteses de mobilizar os eleitores jovens que em 2009 se manifestaram nas ruas. A ausência de sondagens fidedignas não permite, no entanto, antecipar se esse objectivo será concretizado.

O fecho das urnas está previsto para as 18h (14h30 em Portugal), mas poderão ser prolongadas até à meia-noite (20h30) em caso de forte afluência. Os primeiros resultados poderão ser anunciados sábado e o Conselho dos Guardiões da Revolução, responsável pela fiscalização do escrutínio, avisou os candidatos de que não deverão fazer qualquer anúncio antes da divulgação de dados oficiais.
 

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