EUA poderão impor zona de exclusão aérea na Síria

Medida visaria apenas a Zona Sul do país, adiantam fontes sob anonimato. Rússia desconfia de informações sobre uso de armas químicas e Damasco acusa Washington de publicar "mentiras".

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O Presidente Obama aprovou já o envio de armas directamente aos rebeldes Muzaffar Salman/Reuters

A informação foi adiantada à Reuters, sob anonimato, por dois diplomatas ocidentais. Será uma medida limitada, “por um período razoável e uma área razoável, possivelmente junto à fronteira com a Jordânia”, disse uma das fontes, explicando que o objectivo seria dar cobertura aos rebeldes, permitindo-lhes reorganizarem-se naquela faixa do Sul da Síria, e proteger os refugiados concentrados na zona.

Tal medida, semelhante à usada pela NATO na Líbia para abrir caminho ao derrube de Muammar Khadafi, seria a primeira intervenção militar directa desde o início da contestação a Assad, há mais de dois anos, e obrigaria os EUA a destruir as defesas antiaéreas sírias – atacando algumas das zonas mais densamente povoadas do país – como a atacar aviões que tentassem entrar na zona.

Na semana passada, Washington enviou para a Jordânia antimísseis Patriot, vários navios e mais de quatro mil soldados. Oficialmente, o contingente iria participar em exercícios militares, mas o Pentágono assegurou que poderia ser mantido na região após a conclusão das manobras.  

Quinta-feira à noite, Ben Rhodes, um dos conselheiros para a segurança nacional do Presidente norte-americano, revelou que Barack Obama tomou a decisão de aumentar o “apoio militar” aos rebeldes, após ter recebido “informações convincentes” de que Assad usou agentes químicos, incluindo gás sarin, “numa pequena escala e em diferentes ocasiões no ano passado”. O responsável não entrou em pormenores, mas fontes da Administração citadas pela BBC explicaram que em causa estará o envio de armamento ligeiro. O jornal New York Times noticiou, no entanto, que o apoio poderá estender-se a munições antitanque e armamento antiaéreo.

Rússia desconfia de informações
Reagindo a estes desenvolvimentos, o regime sírio acusou a Casa Branca de “publicar um comunicado repleto de mentiras”, baseado em “informações fabricadas”, com o objectivo de esconder relatórios que os “grupos terroristas armados activos na Síria estão na posse de armas químicas e da tecnologia necessária para as fabricar”. Um responsável da diplomacia síria disse ainda que a anunciada intenção de armar os rebeldes “demonstra o envolvimento directo dos EUA no banho de sangue sírio”.

Também Moscovo fez questão de expressar o seu cepticismo. “Queremos dizer isto claramente: o que nos foi apresentado pelos americanos não nos parece convincente”, afirmou Iuri Uchakov, conselheiro diplomático do Kremlin, revelando que, antes de a Casa Branca tornar pública a convicção de que Assad ultrapassou a “linha vermelha”, responsáveis dos EUA se reuniram com responsáveis russos.

Uchakov recusou entrar em pormenores sobre as discussões, mas repetiu que as suspeitas transmitidas a Moscovo “não são convincentes”. O conselheiro acrescentou que a anunciada intenção americana de fornecer directamente armas aos rebeldes, em resposta aos supostos ataques com armas químicas, minará a conferência internacional de paz que os dois países tentam organizar há semanas. Questionado sobre se a iniciativa americana levará Moscovo a antecipar o envio dos mísseis S-300 – sofisticados projécteis terra-ar que garantiriam supremacia aérea ao regime sírio –, Uchakov limitou-se a responder: “Ainda não”.

Também nesta sexta-feira, a União Europeia veio dizer que as conclusões divulgadas pela Casa Branca tornam mais urgente o envio de peritos das Nações Unidas à Síria e “reforçam a importância de encontrar uma solução política para a crise”.
 
 
 
 
 

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