O mergulho com tubarões está a crescer nos Açores, havendo já quatro empresas a oferecer este produto no Pico e Faial e peritos na matéria a dizerem que o arquipélago é considerado o melhor sítio do mundo para esta prática.
O fotógrafo português Nuno Sá, premiado internacionalmente, disse à Lusa que o volume de negócios do mergulho com tubarões nos Açores já gera dois milhões de euros de receitas de forma directa e indirecta.
Nuno Sá, que possui vários prémios, já foi distinguido por duas vezes no maior e mais conceituado concurso de fotografia de natureza a nível mundial, o Veolia Environnement Wildlife Photographer Of The Year, organizado pela BBC e Museu de História Natural de Londres, com uma imagem obtida nos Açores de um tubarão azul.
“Nós encaramos tradicionalmente a observação de cetáceos, especialmente o cachalote, como o símbolo turístico dos Açores, mas no Pico e no Faial as empresas que começaram a fazer o mergulho com tubarões já ultrapassaram a actividade do ‘wale watching’ [observação de baleias]”, refere.
Nuno Sá afirma que o mergulho com tubarões está a tornar-se uma “nova actividade”, com um crescimento de 30% a 40% por ano, que tem contribuído para desenvolver as empresas turísticas que vendem produtos relacionados com o mar no arquipélago.
Clientes com poder de compra
“O tipo de cliente que vem para mergulhar com tubarões tem grande poder de compra e, regra geral, trata-se de mergulhadores muitos informados e viajados. Vêm à procura especificamente desta oportunidade única para mergulhar com um dos peixes mais rápidos dos oceanos, sendo os Açores já considerados o melhor sítio do mundo para esta prática”, garante.
O fotógrafo concretiza que este tipo de mergulhador não se importa de gastar cinco mil euros numa semana para mergulhar nas Galápagos ou na grande barreira de coral e outros destinos mundialmente famosos, surgindo nos Açores à procura de um “destino de aventura” diferente, sendo o mergulho com tubarões a actividade mais procurada.
Eduardo Bettencourt gere a primeira empresa (Pico Sport), propriedade de um cidadão alemão, que nos Açores se dedicou ao mergulho com tubarões, há três anos, e refere que tem vindo a registar “grandes crescimentos” de procura, sendo uma actividade sazonal, com o ponto alto no Verão.
O responsável pela Pico Sport, com sede na ilha do Pico, refere que no grupo central dos Açores, onde há montes submarinos com “muita abundância” de tubarões azuis, existem já quatro empresas que se dedicam a esta actividade. “Tivemos conhecimento da existência dos tubarões através de um projecto que visava desenvolver um anzol que na pesca do espadarte não matasse as tartarugas, tendo-se verificado que 75 por cento da pesca eram tubarões azuis e marraxo. Face à sua existência, começamos a explorar este mercado”, explica Eduardo Bettencourt.
“Por alguma razão a ilha do Pico foi a única que cresceu em termos turísticos, nos Açores, no ano passado. Este crescimento deveu-se ao número de pessoas que vieram para cá mergulhar com tubarões”, diz o empresário, salvaguardando que os turistas fazem, em termos globais, dois mergulhos com tubarões, outro com jamanta, optando ainda por mergulhos costeiros.
Eduardo Bettencourt está “convicto” de que as empresas com actividade relacionada com o mar nas restantes ilhas dos Açores vão-se dedicar também, nos próximos anos, ao mergulho com tubarões, uma vez que também existem no resto do arquipélago. O responsável pela Pico Sport refere que a maior parte dos turistas dispostos a pagar 225 euros para mergulhar com tubarões azuis são os alemães, seguindo-se os austríacos, suíços, alguns belgas e também russos, que começam a surgir.