Assad diz que recebeu um "primeiro carregamento" de mísseis russos

Anúncio de chegada de S-300 acontece num momento em que o regime está na ofensiva e aumenta tensão regional. Oposição diz que não vai à conferência de Genebra

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S-300 fazem aumentar tensão regional DR

“O resto deve chegar em breve”, disse Assad, numa declaração à Al Manar TV, numa entrevista que deve ser transmitida nesta quinta-feira.

Na quarta-feira, o Governo de Moscovo tinha confirmado o envio de um carregamento de mísseis S-300, equipamento sofisticado de defesa antiaérea, para "prevenir uma intervenção externa".

O anúncio da entrega ocorre numa altura em que o regime de Assad está na ofensiva, com o apoio do Hezbollah, e segue-se à decisão tomada esta semana pela União Europeia, apoiada pelos Estados Unidos, de não renovar o embargo de armas à Síria, o que, na prática, permite a entrega de armas aos rebeldes que combatem o regime de Assad.

A entrega dos sofisticados mísseis terra-ar faz também aumentar os receios de um aumento de tensão entre a Síria e Israel, que manifestou a preocupação com a ameaça que os mísseis representam para o seu espaço aéreo.

O Governo israelita disse na terça-feira que os S-300 ainda não tinham sido entregues. Fonte oficial não identificada reagiu às notícias desta quinta-feira dizendo à Reuters não ter informação para além do que está a ser divulgado.

Israel e França tinham pedido ao Governo de Moscovo para não enviar os mísseis para a Síria. Na terça-feira, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Ryabkov, acusou a União Europeia de “deitar gasolina para o fogo”.

A Rússia, principal aliado de Assad, opõe-se a uma intervenção militar externa na Síria e ao armamento dos rebeldes e defende o direito de vender armas ao Governo, dizendo que está apenas a fornecer equipamento defensivo, ao abrigo de contratos existentes.

Moscovo considera também que a decisão europeia sobre o embargo diminui as possibilidades de êxito de uma conferência de paz que a Rússia e os Estados Unidos pretendem realizar em Junho, na Suíça.

Sinal de que a diplomacia está cada vez mais condenada ao fracasso foi o anúncio, esta quinta-feira, de que a Coligação Nacional Síria, que junta os principais grupos da oposição no exílio, não irá à conferência de paz de Genebra — “uma farsa”, chamou-lhe o líder do grupo, George Sabra — ou a qualquer outra enquanto o Hezbollah e as milícias do Irão combaterem ao lado de Assad.

Na entrevista, Assad criticou o apoio ocidental e saudita aos rebeldes e sublinhou que o exército sírio e o Hezbollah fazem agora “parte do mesmo eixo”.

A guerra na Síria já matou mais de 94 mil pessoas desde Março de 2011, segundo os dados mais recentes das Nações Unidas. 
 
 
 
 

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